Agricultores pedem 27,9% de reajuste; decisão sai dia 18

Gracieli Polak CANOINHAS - Na sexta-feira, 28, começou a negociação do preço do tabaco para a safra 2008/2009. Associações representativas dos produtores entregaram a pauta de reivindicação ao Sindicato das Indústrias do Fumo (Sindifumo) com uma proposta de aumento de 27,9% sobre o valor do produto entregue na safra anterior. Entre outras reivindicações estão a comercialização média mínima de 58% para o tipo 1 e 71% para a sub-classe O, em conformidade com a média das últimas cinco safras no quilograma do produto entregue às fumageiras, assim como assistência técnica constante das empresas aos produtores, incentivando, inclusive, a diversificação da propriedade rural. A pauta, composta ainda por mais oito itens, será discutida por representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc), com representantes da indústria fumageira durante o mês de dezembro. No dia 17, acontecerá em Santa Cruz do Sul (RS) a reunião de negociação das condições que definirão, principalmente, o preço pago pelo quilo do fumo ao produtor rural, que ainda no começo da safra, calcula os prejuízos na produtividade. PERDAS - Segundo relatório divulgado pela Fetaesc, a safra atual já apresenta custo 14,04 % maior, impulsionado pela alta nos preços dos insumos agrícolas. Também por causa da elevada precipitação no início da safra, a produção estimada em 750 toneladas, já teve perda de cerca de 20%, que poderá aumentar devido à incidência de granizo nas regiões produtoras, comuns nessa época do ano. A alta umidade logo após o plantio fez com que algumas lavouras tivessem perdas logo no primeiro ciclo, que podem se acentuar caso aconteça um longo período sem chuva na região. Os fumicultores da localidade de Salto D?Água Verde, Ana e Francisco Wardenski, plantaram 65 mil pés de fumo para esta safra 2008/2009 e esperam que a chuva volte a cair para que a lavoura se desenvolva. ?A gente quer que chova, mas que seja só um pouco?, torce Wardenski. A plantação, transplantada das bandejas para o solo há menos de dois meses, começa a obter porte de colheita, mas, segundo o produtor, necessita de um pouquinho de chuva para que o crescimento não seja retardado. No entanto, a preocupação agora é que ela não venha em quantidade exagerada, como aconteceu nos últimos dois meses, mas que também não tarde a cair. Segundo Wardenski, por causa da chuva exagerada, uma parte de sua plantação de fumo foi prejudicada, mas a maioria conseguiu se recuperar e se desenvolver. ?Um dos quadros que eu plantei amarelou bastante e não vai produzir muito bem, mas eu tenho esperança que ainda se recupere. Aqui no Salto tem gente que está arando a roça de fumo para plantar feijão ou milho, porque a chuva estragou muito e não teve recuperação?, afirma. REAJUSTE BAIXO - O agricultor afirma que ouviu boatos de que o aumento no preço por quilograma do tabaco deverá ser de cerca de 10% para a próxima safra. Segundo ele, na safra passada, o preço estava baixo por causa da queda do dólar, mas, este ano, com a disparada da moeda internacional, o produto também deveria passar pelo reajuste. ?Para esta safra, o valor gasto com adubo aumentou quase 100%. No ano passado eu paguei mais ou menos R$40 a saca e neste está perto de R$70. Se não aumentar o preço, vai ficar bem difícil?, reclama o produtor. Uma das empresas fumageiras atuantes no Planalto Norte afirmou que seu reajuste depende do resultado da reunião realizada em Santa Cruz do Sul. Nas últimas safras, o reajuste médio não ultrapassou 8% em relação à safra anterior, no entanto, a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), que presta assistência em diversos aspectos do cultivo do tabaco, inclusive na negociação do preço pago ao agricultor, estima que o reajuste não seja muito negativo ao fumicultor. O lucro líquido da Souza Cruz S.A., maior processadora de tabaco no mundo, quase dobrou no terceiro trimestre deste ano. Com um reajuste de 11% no valor dos cigarros, o faturamento da empresa foi de R$ 361,3 milhões de reais, 91% superior ao montante adquirido no mesmo período do ano passado.