Israel Kiem (DEM) fala sobre as prioridades de Major Vieira e a façanha de ter destronado o PMDB do poder

Edinei Wassoaski

MAJOR VIEIRA

 

Depois de 12 anos de domínio peemedebista, Major Vieira começou o ano sob uma nova filosofia administrativa. Sai o pragmatismo centralizador de Orildo Severgnini (PMDB), entra o moderado Israel Kiem (DEM). Ao menos é o que transparece na entrevista abaixo, concedida por Kiem em seu gabinete na tarde de segunda-feira, 19, ao CN. Extremamente polido e com um cuidado milimétrico nas palavras, Kiem demonstra ser favorável ao diálogo, mas parece não abrir mão de dar a última palavra. Na entrevista abaixo, ele fala sobre a antiga administração, elege a agricultura como a prioridade principal de Major Vieira e comenta sobre política regional. Acompanhe.

 

Como foi sua entrada na política?

Tive dois mandatos de vereador, quando percebi que faltava muita coisa. Acho que demonstrei um bom trabalho nos oitos anos como vereador. Não me via como candidato a prefeito, mas as pesquisas apontavam que meu nome sempre aparecia. A princípio era pra eu ser vice, não deu certo, foi feito outra coligação e resolvemos correr o risco, lançando minha candidatura a prefeito. Enfrentamos muitas dificuldades, mas deu certo. Aí fomos buscar meu vice, que estava há 12 anos afastado da política, já foi vereador, formamos a dupla, lutamos bastante, trabalhamos muito.

 

O senhor foi eleito por uma diferença de 30 votos.

Representa pouco, mas não é isso. Uma cidade pequena como essa teve de mudar muito para chegar a isso. É resultado de muito trabalho.

 

Major Vieira está vivendo o fim de uma era política, considerando que foram 12 anos de domínio do PMDB?

Não, não considero o fim de uma era. Acho a política imprevisível, cada um tem um tempo pra viver na política, assim como eu, que serei sucedido por outros. O importante é você chegar ao fim de um mandato e dizer que você trouxe uma grande contribuição ao município.

 

Como é o teu relacionamento com o ex-prefeito Orildo Severgnini?

Nós temos um relacionamento bom.

 

Houve mudanças no modo de administrar a prefeitura. O senhor pretende acumular secretarias em seu poder, como o ex-prefeito fazia?

Algumas secretarias serão constituídas somente em março, uma questão de estratégia para vermos como está a arrecadação, considerando que vivemos um momento de crise global. Nós já temos uma equipe que está atuando, considerando que há secretarias estratégicas. Já estão constituídas as secretarias de Educação, Saúde, Obras e Administração.

 

Quais devem ser reativadas?

A princípio seriam agricultura e bem-estar social. Maurício Sobzack deve assumir a Agricultura em 1.º de março. Essa secretaria é essencialmente agrícola, precisa de um secretário de agricultura. Os demais casos vamos analisar.

 

A divisão de cargos foi entre DEM e PP ou outros partidos foram convidados a fazer parte do governo?

Não, somente PP e Democratas.

 

Em termos de plano de governo, o que o senhor pode destacar?

Tenho um sonho e se Deus quiser vou realizar. Quero que tenhamos uma agricultura mais forte. Temos de apostar na agricultura, fazer bons projetos, buscar verbas. O período é curto, temos até abril do ano que vem para buscar verbas. Por conta do período eleitoral trava tudo. Agricultura é um sonho de investimento, agora não podemos deixar de correr atrás de emprego, dar oportunidades para os jovens. Na verdade, somos responsáveis por tudo, mas vamos correr atrás, é pra isso que fomos eleitos.

 

Major Vieira tem um grande problema na área da saúde que é a falta de médicos, não por não haver vagas, mas porque poucos se interessam por cidades interioranas. Como resolver esse problema?

Isso é uma grande verdade, mas já conseguimos fazer uma contratação, um médico que já está morando na cidade. Estamos também contratando um pediatra que vai morar em Major Vieira. A esposa dele é cardiologista. É fato que não temos muitos recursos, mas temos uma vida tranquila, que muitos queriam ter em outras cidades, mas não têm. Prova disso é que muitos moradores de vários lugares vêm pra cá em busca dessa qualidade de vida.

 

Falando em política, como foi seu primeiro contato com a política regional, durante as eleições da Amplanorte?

Todo prefeito, independente da sigla partidária, tem de pensar na região, no desenvolvimento do Planalto Norte, esquecendo siglas partidárias. Achei uma escolha muito boa o prefeito Leoberto (Weinert) ter sido empossado na direção da Amplanorte e o prefeito Saliba (Papanduva) ter sido empossado na direção do CIS.

 

O que o senhor pensa sobre a guerra travada pela cadeira de secretário regional?

Tem de pensar na região. A SDR cumpre um papel importante. Tem erros? Tem, mas está se aprimorando. As coisas aconteceram nos últimos anos, temos boas notícias como a instalação de indústrias, estamos trazendo desenvolvimento para a região. Acho que a SDR está muito bem representada, o Edmilson Verka faz o que pode.

 

O senhor teme que o fato de o senhor pertencer a um partido periférico dentro da Tríplice Aliança que elegeu o governador, o prejudique na busca por verbas?

Não. Trabalhei duas vezes para o deputado Aguiar. Não sou partidarista, sou mais pela pessoa, mais pela região.  Tenho a certeza de que ele vai me ajudar muito.

 

O senhor encontrou a prefeitura bem organizada?

Acho que toda a casa tem uma coisa aqui, outra ali. Tenho atendido muita gente e ainda não tive tempo de analisar tudo.

 

O senhor pensa em alçar voos mais altos na política?

Acho que é muito cedo. Tem de pensar bem e desenvolver um bom trabalho aqui dentro (na prefeitura). Quero planejar esses quatro anos. O futuro a Deus pertence.