Ligações telefônicas com o amigo Paulo Medina foram grampeadas

BRASÍLIA ? A Polícia Federal está analisando gravações de conversas telefônicas entre o ministro afastado do Superior Tribunal de Justiça, Paulo Medina, e outro ministro do STJ, o canoinhense Paulo Gallotti.
O ministro foi citado nas investigações da Operação Furacão por suspeita de receber dinheiro em troca de decisões judiciais.
O irmão do ministro, Virgílio Medina, está preso, acusado de negociar propina para liberar máquinas caça-níqueis. Paulo Medina vai ser julgado pelo plenário do STJ. Ele tem 13 dias para apresentar defesa. Se for considerado culpado, pode ter de se aposentar.
 Gallotti faz parte do pleno, mas não vai participar do julgamento devido à amizade com Medina.

O canoinhense nega estar sob investigação da Polícia Federal. ?Não sei o que o Medina quis dizer com receio do irmão Virgílio (que está preso) "dedurar" alguma coisa. Sobre ter perguntado se dormiu bem, é preocupação minha sobre a saúde dele, que não anda bem?, afirmou Gallotti.
O ministro declarou que se recusou a participar do julgamento de Medina por ser amigo dele. Segundo o advogado de Medina, Antônio Carlos Almeida Castro, na conversa com Gallotti o ministro só demonstra preocupação com a defesa dele.
O ministro canoinhense é formado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina e ministro do STJ desde 30 de junho de 1999.


AS GRAVAÇÕES > Telefonema gravado quatro dias após a operação

Paulo Medina: Não tenho ligação com ninguém. Só com o Virgílio. É aquele negócio. Eu tô ligado ao Virgílio, né?

Paulo Gallotti: Claro.

Medina: Se o Virgílio me dedurar...

Gallotti: Agora me diz uma coisa... E tu dormiste bem à noite, não?

Medina: Dormi, tomei um comprimido.

> Duas semanas antes do depoimento, Gallotti ligou para Medina. Na conversa, orienta o colega e concorda com conselhos do advogado dele, Antônio Carlos Almeida Castro, o Kakay.

Medina: Hoje vão chegar os documentos todos. Fazer aqui, né?

Gallotti: Ah é. Eu ia dizer isso aí. Primeiro vamos ver o que existe.

Medina: Exatamente. Ele falou, fazer hoje a gente pode chover no molhado.

Gallotti: Diz pro Kakay que eu concordo com isso e acho que ele tá certo.

> Gallotti sugere que a estratégia de defesa só seja montada depois do depoimento do irmão do ministro.

 

 

OPERAÇÃO FURACÃO

Ação para atacar uma quadrilha especializada na compra de sentenças judiciais para beneficiar a máfia do jogo, criminosos que comandam atividades de jogo do bicho, casas de bingo e máquinas caça-níqueis, entre outras. Deflagrada em 13 de abril, ainda não foi concluída. As investigações começaram em julho de 2006.