Em entrevista ao CN prefeito revela que além de contas, maquinário está sucatado

Edinei Wassoaski

PAPANDUVA
 
O estilo inquieto do prefeito de Papanduva, Luiz Henrique Saliba (PP) contrasta com a tranquilidade que predomina na cidade. Em seu gabinete atende até três pessoas ao mesmo tempo e não para um só segundo. Na entrevista a seguir, Saliba fala sobre política, a herança deixada por seu antecessor e os planos para a cidade. Acompanhe.
 
Depois de oito anos fora da administração pública, o que significa o retorno do PP ao poder?
Representa uma quebra de paradigma e um entendimento da população de que as coisas têm de ser feitas de forma diferente, mais participativa, mais próxima da comunidade e por isso mesmo nossa coligação se chamou Governar para Todos. Ninguém é mais cidadão que ninguém, todos merecem atendimento igual.
 
Em termos administrativos, o que essa mudança representa?
Estamos mais próximos da população, com uma administração mais transparente visando decidir com a população o que é prioridade.
 
O que o senhor pretende fazer para tornar mais transparente sua administração?
Vamos instalar o painel da cidadania, com a prestação de contas de todos os investimentos da administração, em um lugar bem visível a todos os munícipes.
 
O que é prioridade hoje em Papanduva?
Vejo como prioridade a questão de estradas e saúde. Precisamos alavancar também a criação de empregos. Segurança pública, embora não seja obrigação legal do município, é uma obrigação moral.
 
Os acessos viários de Papanduva são relativamente bons, se comparados a outros municípios da região, mas mesmo assim o município tem dificuldades em atrair investimentos. A economia local é sustentada pela agricultura e pela Master, que já foi bastante criticada por conta da relação com o meio ambiente. É possível mudar o foco ou a vocação do município é realmente agrícola?
Na realidade Papanduva é muito extensa, são mais de mil quilômetros de estradas, e nestes últimos quatro anos se deixou muito a desejar na área de drenagem, de cascalhamento, conservação em geral. Por ser um município grande, muitos agricultores tiveram dificuldades no escoamento da produção. É claro que temos uma vocação para a agroindústria. Temos muitos minifúndios, mas temos também agora a vinda das granjas, especialmente da Master. Do ponto de vista ambiental, os órgãos técnicos estão passando um pente fino em todas as agroindústrias. Estamos trabalhando com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que está em adiantadas conversas com uma indústria de marrecos, a Globo Aves, e também queremos atrair a Master 10, mais uma unidade da empresa.
 
Em termos de arrecadação, já dá pra sentir os efeitos da crise econômica mundial?
Com certeza. Numericamente tivemos redução de 10% do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Estamos constatando também que aumentou o número de pessoas que pedem ajuda a prefeitura, por meio da Secretaria de Ação Social.
 
O senhor está numa posição privilegiada na Câmara. São seis vereadores governistas e dos três oposicionistas, uma passou para o bloco governista. Isso facilita bastante a administração?
Sim, e os outros dois vereadores não são contra o que for bom para o município. Independente de ter maioria, no entanto, não acredito que possa haver conflitos simplesmente porque os vereadores pertencem a partidos de oposição.
 
Como o senhor encontrou a prefeitura?
Houve duas situações distintas. No momento da transição não houve resistência do prefeito, mas em relação ao secretariado não houve abertura. Tomamos ciência das coisas mesmo em janeiro. Havia passivos a pagar como, por exemplo, a última patrola adquirida, que havia dois anos de carência, começamos a pagar agora...
 
Com dinheiro em caixa?
Não, sem dinheiro em caixa. Isso é um financiamento que começa a ser pago agora. Há ainda duas retroescavadeiras, que começaremos a pagar este mês. Foi feito o pedido de cinco ônibus ano passado, que começamos a pagar agora também. Tem uma dívida do Ginásio de Esportes da cidade de 13 parcelas de 39 mil reais, além do passivo de dívidas normais.
O maquinário também, além de não contarmos com um número insuficiente de máquinas, gastamos quase 100 mil reais só em pneus para colocar o maquinário para rodar.
Sobre os carros pequenos, nos foi passado que havia 20 veículos, mas destes 20, somente quatro estavam em condições de andar, nove foram recuperados e o restante não têm condições de rodar.
 
O senhor pretende denunciar ao Tribunal de Contas o fato de estar assumindo a prefeitura com dívidas?
Não. Automaticamente o Tribunal vai detectar isso.
 
O senhor ainda não nomeou os secretários da Saúde e Educação. Isso por motivos políticos ou técnicos?
Não. A secretária da Educação vai permanecer sendo Sandra Silva (vice-prefeita) pelo tempo que ela quiser. Além disso, como o processo de transição foi este ano praticamente, somente esta semana fizemos três nomeações de secretários (agricultura, desenvolvimento econômico e habitação e desenvolvimento social). A Secretaria de Saúde ainda está na fase de montagem da estrutura técnica para depois nomearmos o secretário, que é uma figura mais política.
 
O senhor enfrentou pressão da base aliada para nomear os secretários?
Não. Trabalhamos com sugestões da base aliada, mas sem sobressaltos.
 
O senhor esteve em Brasília semana passada para tentar garantir emendas no orçamento para o município. Trouxe boas novidades?
Sim. Conversei com vários deputados, com ministros e secretários. A nossa prioridade é reestruturar toda a avenida central da cidade. Há uma grande possibilidade de conseguirmos dinheiro para financiar este projeto com o Governo Federal.
 
O senhor acha que o fato de ser de um partido de oposição ao Governo do Estado pode prejudicá-lo?
Não. Tenho certeza que o governador é inteligente e sabe que aqui as pessoas também pagam impostos e precisam da ajuda do Governo do Estado. Assim como confiamos nos deputados da região como o Dr. Aguiar e Mauro Mariani para ajudar o nosso município.