Sem ser provocado, prefeito ataca imprensa, desmoraliza vereadores e ameaça funcionalismo de demissão
?Quem estiver descontente que se demita?
CANOINHAS ? Logo após o término da entrevista coletiva concedida por conta do decreto que terceirizou o atendimento médico no Pronto Atendimento Municipal, na sexta-feira, dia 1.º, respondendo a um questionamento extra do repórter Edinei Wassoaski do CN, prefeito Leoberto Weinert (PMDB) desandou em críticas ao funcionalismo público, passando para a desqualificação da Câmara de Vereadores e encerrando com acusações a imprensa.
Wassoaski perguntou a Weinert como ele pretendia lidar com o pedido de isonomia do funcionalismo a partir da aprovação do piso salarial dos médicos que prestam serviço ao município.
O prefeito disse que vai vetar o projeto que está na Câmara de Vereadores (e que acabou sendo aprovado esta semana) que concede a isonomia ao funcionalismo. Weinert disse que não é contra o aumento, mas acredita que a remuneração deve basear-se em produtividade e não em pisos. ?Quem quer ter um bom salário, tem de trabalhar em torno de metas de produção, dessa forma se desconsidera o piso. Piso é uma coisa que se coloca pra quem quer se agarrar em alguma coisa?, afirmou.
Disse que na sua empresa particular, seus funcionários são pagos por produtividade e que sabe que eles estão satisfeitos porque cada um tem carro próprio.
A partir daí, Weinert começou a se exaltar e acusou o funcionalismo de corporativismo. ?Quando o corporativismo acabar, teremos condições de crescimento maior?, afirmou. Disse ainda que ?temos de acabar com essa questão de enganar, nós estamos enganando um ao outro?.
Weinert desafiou o funcionalismo ? ?Existe direito de greve, existe, mas vamos achar uma solução pra tudo. Hoje existe empresa pra terceirizar tudo. Se os funcionários públicos querem esta situação, podem se demitir, nós vamos terceirizar, não tem problema?. E ameaçou: ?Podem encher a Câmara, vão aprovar e eu vou vetar?, esbravejou.
Sobre o projeto de origem executiva que coloca como parâmetro para remuneração a produtividade, Weinert deixou claro que vai forçar sua aprovação, mesmo com posição contrária do Sindicato dos Servidores Públicos. ?Isso aqui vai pra Câmara e se não aceitarem é problema de quem não quer trabalhar?, esbravejou.
?Essa é a pior Câmara de todos os tempos?
Weinert afirmou que a Câmara incita o corporativismo do funcionalismo. A partir daí começou a se defender de críticas feitas a ele por um vereador que não revelou o nome. ?Nós vemos tantas pessoas malhando a administração. Por que não olham pra trás ou não sentam encima do rabo?, esbravejou, reafirmando ? ?Do jeito que vier da Câmara, vou vetar, não existe a mínima chance de negociação?.
Weinert condenou o projeto da Câmara que concede direito de isonomia ao funcionalismo. ?Já tenho tudo acertado com os médicos, estou negociando com os dentistas, agora é impossível que alguém atravesse essa negociação do executivo com as classes?, afirmou.
O prefeito disse que a Câmara é um fórum para discutir os rumos de Canoinhas, ?mas não aceito que se discutam lá picuinhas políticas?.
O prefeito reclamou do que chamou de ?maioria falsa? na Câmara. Disse que os vereadores agem com interesses particulares e defendeu que seja criada uma Lei que proíba que funcionários públicos sejam vereadores. Prosseguiu ofendendo os vereadores ao dizer que ?aqui não vai passar trem da alegria, isso que tá sendo proposto pela Câmara é trem da alegria?.
Sem ser interrompido, Weinert emendou o assunto fazendo uma referência ao carro da Secretaria de Saúde que ele usou para levar a comitiva do Cefet no dia 12 de maio na festa de aniversário de um amigo particular. Numa clara referência ao vereador Paulo Glinski (DEM), que denunciou o uso do veículo na Câmara, Weinert disse que ?essas pessoas estão perdendo tempo de ficar quietas. Se ficassem quietas ganhavam muito mais? e mandou este cidadão comparar seu governo aos oito anos ?que ele ficou aqui?, se referindo ao cargo de procurador do município que Glinski ocupou no governo de Orlando Krautler (PSDB).
Antes de generalizar, Weinert poupou Vagner Trautwein (PSDB), que estava do seu lado e chamou os vereadores de ?usurpadores dos direitos do povo em geral?.
O festival de impropérios prosseguiu ao classificar de ?pequenez dos vereadores? o envolvimento na batalha salarial do funcionalismo.
Weinert arrematou afirmando que ?temos a melhor Câmara dos últimos anos em termos de preparação, mas a pior em termos de resultado?.
Cada vez mais exaltado disse que ?falo porque não tenho o rabo preso, porque não vivo da prefeitura, falo porque se eu for partir para a reeleição eu parto dignamente, sem precisar ofender ninguém, sem picuinhas. E vou lá na Câmara e falo isso no plenário?.
?Vocês precisam aprender a escrever?
Os impropérios seguiram mais uma vez sem que Weinert fosse interrompido. O terceiro ataque partiu para a imprensa canoinhense. Weinert começou criticando um semanário local por ter publicado uma manchete que, segundo ele, era mentirosa.
Dali em diante, generalizou chamando a imprensa canoinhense de ?marrom?, e ameaçando com dedo em riste e socos na mesa. ?É bom que vocês comecem a se acostumar a falar as coisas boas, as colunas de vocês são uma desgraça, vocês só vêem coisa que não presta. E as coisas boas ficam aonde? Cadê o compromisso de vocês como imprensa??.
Entendendo que havia sido questionado, o repórter do CN Edinei Wassoaski respondeu que é papel da imprensa fiscalizar o poder público, ao que Weinert respondeu aos gritos: ?Não senhor, vocês têm uma imprensa, além de marrom, política?.
Quando Wassoaski alertou o prefeito de que ele estava generalizando, sem tirar o dedo da frente do rosto de Wassoaski, Weinert disse que o repórter era um dos que ?fazia isso?. E o chamou de ?ligeiro?.
Se negando a discutir e já levantando da cadeira, Wassoaski ouviu que a imprensa não fala ?coisa boa?, porque ?eu (Weinert) não pago a imprensa pra mostrar coisa boa?, seguido de um soco na mesa.
Ofendido, Wassoaski desafiou Weinert a listar o que ele teria escrito de ofensivo a seu governo, ao que Weinert respondeu ?você vive falando nas entrelinhas, eu não preciso falar e nem lembro?, e arrematou ? ?é bom que vocês aprendam a falar direito, se eu tivesse botando dinheiro na mão de vocês estaria saindo todas as coisas boas do meu governo?.
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