Demissões no Hospital Santa Cruz provocaram reação da Câmara de Vereadores
Edinei Wassoaski
CANOINHAS
Há pouco mais de um mês na coordenação geral do Hospital Santa Cruz (HSC), a enfermeira Salete Benetti passou por um teste de fogo esta semana depois de anunciar a demissão de 12 funcionários, a maioria de carreira – o mais velho tinha 25 anos de casa. Ela enfrentou protestos não só dos demitidos, mas da Câmara dos Vereadores, que desconfia de interferência da prefeitura nas decisões. Os vereadores acreditam que exista uma gestão compartilhada “não oficial” entre a direção do HSC e a prefeitura, considerando que a vice-presidente é a secretária de Saúde Telma Bley e o tesoureiro é o secretário de Administração da prefeitura Argos Burgardt. Salete garante que as demissões foram puramente de ordem técnica, visando enxugamento de despesas. Ela explica que a arrecadação mensal da prefeitura está hoje em torno de R$ 218 mil. Desse valor, R$ 206 mil eram gastos com folha de pagamento. Ela afirma que os demitidos não serão substituídos. O HSC trabalha hoje com um déficit mensal que se aproxima dos R$ 80 mil. No acumulado, a dívida do Hospital beira os R$ 7 milhões.
Salete nega que exista a pretensão de contratar estagiários e garante que não haverá prejuízo no atendimento. “Temos funcionários excelentes e não há necessidade, neste momento, de contratar”, afirma. Ela garante também que não haverá novas demissões no momento. Esta semana na Câmara os vereadores insinuaram que uma nova leva de demitidos estaria pronta para ser anunciada.
Salete admite que os encargos trabalhistas dos funcionários com mais tempo de casa vão onerar o HSC, mas será passageiro. “Foi uma atitude que tinha de ser tomada”, afirma. Ela negocia com os demitidos o parcelamento dos direitos trabalhistas.
CONTRATUALIZAÇÃO
Enquanto a contratualização (Processo em que o SUS e o hospital estabelecem metas quantitativas e qualitativas a fim de determinar um repasse fixo mensal ao hospital) não é implementada – Salete acredita que o processo se efetive somente no final de 2010 –, o HSC vai empurrando a dívida, renegociando e arrecadando ‘por fora’ com ações como o tradicional Bingão de dezembro. A edição deste ano já está sendo programada.
Médicos da UTI do HSC serão terceirizados
Conforme o CN adiantou, os médicos que vão atender na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Cruz serão mesmo terceirizados. A informação foi confirmada durante assembleia da diretoria do HSC na sexta-feira, 21, pelo representante da comunidade na administração do Hospital, Agenor Christófoli, que aproveitou a oportunidade para anunciar sua saída do cargo. Desde terça, dia 1.º, ele assumiu somente o cargo honorário de presidente do HSC. Salete Benetti já responde pela administração.
Segundo Christófoli, a terceirização se dá por falta de médicos na região. Uma empresa de Curitiba-PR apresentou proposta de assumir a UTI 24 horas por remuneração de R$ 53 mil mensais.
A UTI já está apta para funcionar. R$ 560 mil foram aplicados em equipamentos no último mês para complementar a Unidade. Depende somente de alvará da Vigilância Sanitária. Daí em diante é correr atrás do credenciamento pelo SUS, processo que deve durar seis meses. Até lá, garantiu o deputado Antonio Aguiar (PMDB), o Estado bancará administrativamente a UTI. Christófoli não arrisca data para a inauguração.
A estimativa é de que a UTI represente um custo total de R$ 100 mil mensais.
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