O crescente ingresso de mulheres no mercado de trabalho alterou muitos aspectos da economia das empresas, do marketing, do lazer, do ensino e sobretud
O crescente ingresso de mulheres no mercado de trabalho alterou muitos aspectos da economia das empresas, do marketing, do lazer, do ensino e sobretudo da constituição da família e de seu impacto na demografia. Até algumas décadas atrás, a principal razão do trabalho feminino era a necessidade econômica: com algumas exceções, só trabalhavam as mulheres que precisavam, as outras eram classificados como: ?do lar?. Hoje mais de 50% dos estudantes universitários são mulheres e quanto maior seu nível de escolaridade, maior a tendência de que ela se dedique ao trabalho profissional.
Essa mudança é sensível em todos os aspectos do cotidiano, dos mais óbvios, como a propaganda de veículos, seguros, bancos etc. dirigida especificamente as mulheres, aos menos visíveis, como a presença de homens nas compras de supermercados, na preparação de refeições etc. dividindo o trabalho domestico que antes era considerado atribuição feminina.
Do ponto de vista da constituição da família e da demografia, o impacto do crescimento do número de mulheres que trabalham veio se somar à difusão e aos aperfeiçoamentos nos métodos anticoncepcionais e às pressões econômicas, reduzindo drasticamente os índices de natalidade. Assim, nos países em que a totalidade dos habitantes tem acesso a bons processos educacionais há hoje uma preocupação muito grande com a redução da população e começam a ser criados estímulos para as famílias terem filhos.
No Brasil vivemos, como em quase tudo, uma situação dividida: de um lado há o crescimento da maternidade jovem entre as camadas mais pobres, ampliando o problema social, e de outro lado há uma tendência das classes de maior poder aquisitivo de deixar o casamento e, em especial, os filhos para mais tarde.
Esse ?atraso? na maternidade tem muito a ver com a mulher que trabalha: geralmente é entre 30 e 40 anos que cada um de nós, independente do sexo, têm as melhores possibilidades de definir seu futuro profissional e galgar novas posições ou prestigio, seja como executivo, como liberal ou mesmo como artista. Por essa razão é crescente o número de mulheres que deixa para mais tarde a concepção dos filhos, adiando para perto dos 40 anos.
Como especialista em reprodução humana, constato diariamente essa tendência, e tenho aconselhado as mulheres que busquem ter sua primeira concepção antes dos 35 anos, o que é mais fácil e traz muito menos riscos.
Assim, na reprodução assistida, que atende basicamente aos casais que por alguma razão natural ou provocada (vasectomia, por exemplo) não podem ter filhos sem auxilio médico, nossa experiência mostra que mais de 50% das mulheres de menos de 35 anos engravidam no processo. E a partir dos 35 anos essa porcentagem de sucesso começa a cair rapidamente. O mesmo acontece na gravidez natural.
A gravidez não impede a carreira profissional, como mostram muitos exemplos. Da mesma forma, a carreira não deve impedir a gestão de filhos, razão maior da existência de quase todos nós é motivo de grande alegria pela constituição de uma família. No mundo de hoje é importante que as mulheres tenham suas carreiras e sua independência financeira e profissional. Mas é igualmente importante que façamos uma pausa antes dos 35 anos, sempre que possível, para constituir uma família saudável, com filhos que lhes darão a alegria na infância e mais tarde.
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