Droga é responsável por média de dois atendimentos diários no Caps Canoinhas
Gracieli Polak
CANOINHAS
Uma única tragada e a vida do jovem Adriano* ficou nas mãos de uma das drogas mais destrutivas de que se tem informações, facilmente encontrada na maioria das cidades de Santa Catarina, inclusive em Canoinhas. Bonito, jovem e instruído, Adriano ficou dependente de crack logo na primeira vez que fez uso da substância. Acostumado a outros narcóticos, o jovem imaginou que não ficaria viciado. Estava enganado.
Dois anos mais tarde, depois de perder parte do patrimônio que tinha e de perceber o desespero de sua mãe com sua situação degradante, decidiu parar e para isso aceitou a ajuda oferecida pelo Caps. “A mãe dele esteve aqui, explicou a situação e pediu ajuda. Depois disso nós fomos até a casa dele, conversamos e ele foi internado”, lembra Viviane. “Eu comecei a perceber a gravidade da minha situação pelo sofrimento da minha mãe. A droga estava acabando com ela, não só comigo. Vendo a minha mãe sofrer eu percebi que tinha alguma coisa errada e quis sair desta vida. Cheguei a pedir para ela me acorrentar em casa para eu não poder comprar droga”, conta Adriano.
De acordo com a psicóloga do Caps, Ruthe Dione Ruthes de Paula e Silva, a primeira medida tomada no caso de Adriano foi o internamento em uma clínica para que houvesse desintoxicação. De volta a Canoinhas, o rapaz teve uma recaída, mas há duas semanas se trata intensivamente no Centro, respondendo bem à terapia. “Das três vertentes tratadas aqui, com certeza a dependência do crack é a mais difícil de enfrentar, mas não é impossível. O paciente tem de estar disposto a se curar”, conta. Disposição e força de vontade que o jovem diz ter para se livrar da dependência. “O vício é muito forte, tanto que você não se importa com mais nada. Tem de ter muita coragem e apoio para conseguir sair”, revela Adriano.
COMORBIDADE
Segundo o médico psiquiatra do Caps, Franco Mazzaro, a relação entre as drogas (lícitas e ilícitas) com os transtornos mentais acontece muitas vezes por comorbidade, ou seja, existência dos dois problemas continuamente. “Uma coisa leva a outra e esta outra coisa também pode levar à primeira. Assim como o doente mental pode associar o uso de drogas para aliviar a dor que sente, alguns usuários de álcool e drogas acabam desenvolvendo transtornos associados ao uso destas substâncias”, explica. A ocorrência dos dois problemas, juntamente com as imagens evidenciadas pelos surtos psicóticos ainda constroem um rótulo difícil de ser carregado.
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