Plantonista teria se recusado a atender paciente por ele não ser de Canoinhas

Edinei Wassoaski

CANOINHAS
 
O delegado do Conselho Regional de Medicina (CRM) em Canoinhas, Dr. Vagner Trautwein, abriu sindicância para apurar a denúncia de que um paciente teria sido dispensado do Pronto Atendimento Municipal de Canoinhas (PA) na noite de 31 de outubro, por ser de Mafra. Segundo a Secretaria de Saúde, não há orientação para que se proceda dessa forma. A decisão teria sido tomada exclusivamente pelo médico plantonista. Dessa forma, ele vai responder a dois processos administrativos – sindicância do CRM e da Secretaria Municipal de Saúde – e a um inquérito policial. A princípio ele não foi indiciado no inquérito, mas como adiantou o comissário da Delegacia de Três Barras, Luiz Rosa Peres, o inquérito que apura o acidente do qual Joel dos Santos Brito, 18 anos, foi vítima, deve chegar a responsabilidade pela demora no atendimento ao rapaz.
Depois de ter sido recusado no PA, o rapaz foi levado para o Hospital Félix da Costa Gomes, em Três Barras. Sem condições de atendê-lo, devido à gravidade dos ferimentos, o Hospital transferiu o rapaz para o Hospital São Vicente, de Mafra. Ao dar entrada, no entanto, ele morreu.
 
CONSTESTAÇÃO
 
Trautwein, que é um dos médicos cirurgiões do Hospital Santa Cruz, respondeu também às críticas publicadas em matéria do CN na semana passada. Vereador Alexey Sachweh (PPS) denunciou na Câmara de Vereadores que os médicos estão usando um videolaparoscópio doado pelo Estado para fazer mais cirurgias particulares do que por meio do SUS. O médico apresentou documento contestando o valor apresentado pelo HSC que seria pago pelo SUS por uma cirurgia de vesícula. Segundo o HSC, o custo real de uma cirurgia como essa é de R$ 790. O documento apresentado por Trautwein discrimina o valor de R$ 1.196,03.
O CN tentou insistentemente ouvir a administradora do HSC, Salete Benetti, mas ela não retornou as ligações.
Para a secretária de Saúde Telma Bley, o alto custo só pode ser explicado pela utilização de materiais importados, que não precisariam necessariamente ser utilizados. Telma distribuiu uma carta à imprensa esta semana (leia na página 10) criticando dois médicos que ela não nomeia, por, segundo ela, fazerem uso de “equipamentos comprados com recursos públicos para a realização de cirurgias de planos privados e particulares”.