Sintomas que remetem ao diabetes estão cada vez surgindo mais cedo em crianças; É preciso ficar atento aos indícios
Edinei Wassoaski
CANOINHAS
Imagine que sua vida depende de manter cheio um copo de açúcar. Você não pode deixar nenhuma corrente de ar levar um grão sequer, muito menos transbordar esse copo. Para isso, terá de seguir uma disciplina militar. A comparação é feita por quem conhece bem o que é levar uma vida regrada. Juliano Vardenski, 18 anos, descobriu que sofria de diabetes do tipo 1 aos quatro anos. Sua mãe, Erna Maria Vardenski, conta que levou um susto daqueles. “O chão sumiu dos meus pés”. Hoje, a doença já não assusta mais, mas mãe e filho sabem que não dá para brincar. “Uma vez comi um bombom e me arrependi”, conta Juliano, depois de ter ido parar no hospital por conta do doce. Ele toma religiosamente duas injeções de insulina por dia. Espécie de hormônio, a insulina é responsável pela redução da glicemia, taxa que mede a glicose no sangue. “No começo era difícil, hoje já estou acostumado”, conta.
Erna passou por uma experiência que tem se tornado cada vez mais corriqueira. Donato e Valdicéia Noernberg descobriram que aos 2 anos e meio o filho Marlon sofria de diabetes tipo 1. O choque não poderia ter sido mais dramático. O menino ficou internado por 17 dias para controlar o índice de glicose no sangue. Donato conta que o caso do filho tem contornos genéticos, uma das características do diabetes tipo 1. Sua mãe morreu de complicações do diabetes tipo 2, que embora tenha ligação com a genética, é desencadeado principalmente por obesidade e maus hábitos alimentares. O pai de Valdicéia também sofre de diabetes tipo 2.
Donato conta que o filho de uma de suas irmãs também desenvolveu diabetes tipo 1. “Um dia, por brincadeira, ele urinou na fita que detecta diabetes que era do Marlon, e entrou em pânico ao ver que a coloração da fita ficou bem marrom”, conta Donato, se referindo as precursoras dos aparelhos de medir glicemia.
SUPERAÇÃO
Tanto o caso de Marlon quanto o de Juliano não foram fáceis de serem aceitos pelas famílias, muito menos pelos meninos. “Cortava o coração ver ele (Marlon) recusar balas de pessoas que não sabiam que ele era diabético”, conta Donato, que orientou o filho a aceitar as balas e guardar em casa. “Imagine o que era para uma criança fazer isso”, diz Donato. Hoje com 14 anos, Marlon descobriu que a disciplina alimentar é o segredo para manter a diabetes praticamente invisível, lembrada somente nas horas de aplicar insulina.
Juliano também leva uma vida normal. Filho de agricultores, cresceu entre a roça e a escola. Hoje, tem no futebol uma diversão e uma necessidade. “Quando ele está com a glicemia alta basta jogar futebol que baixa”, conta a mãe, Erna.
Aos sábados, Juliano trabalha comercializando o que a Associação da Agricultura Familiar (Agrupar) produz, nas barraquinhas de produtos orgânicos que funcionam ao lado da Igreja Matriz, no centro de Canoinhas. Falante e simpático, comprova o que é unanimidade entre médicos e nutricionistas – mantendo uma disciplina alimentar rigorosa, é possível ter qualidade de vida e desenvolver qualquer atividade.
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