Mesmo depois de inúmeros apelos, o Hospital continua em uma situação financeira instável

 

 

 

CANOINHAS ? Não é novidade para ninguém que o Hospital Santa Cruz vem há anos passando por maus momentos em seu setor financeiro. Mesmo depois de inúmeros apelos, a situação não parece ter melhorado. Há nove meses ajudando efetivamente na administração do Hospital, a Comissão de Consultoria Externa criada em novembro do ano passado, continua sem resultados muito animadores para anunciar. ?Não temos lucros, mas nossas despesas também não são tão assustadoras assim?, afirma Agenor Christofoli, representante da comissão que trabalha interinamente no Hospital. No entanto, se os números não assustam, são para deixar qualquer usuário do Hospital preocupado. Os problemas começam com o número de internações que sempre ultrapassa o número de Autorização para Internamento Hospitalar (AIHs) concedido pelo Governo. Até o final de junho eram 114 AIHs acumuladas somente de pacientes canoinhenses. Ou seja, o valor repassado pelo governo para cobrir os gastos das internações, deixou de abonar 114 internações. Além disso, muitas internações resultam em gastos que ultrapassam os valores repassados pelo Governo. Somente em 2003, o Hospital deixou de arrecadar R$ 119 mil com 439 AIHs que simplesmente não foram pagas pelo Governo. Essas internações feitas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) atingem cerca de 70% a 90% do total de internações ao mês. Tudo isso acumula em um déficit mensal de cerca de R$ 50 mil.

Um setor que incha esse déficit é a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital que é descredenciada pela Secretaria da Saúde por não dispor de um médico intensivista 24 horas. Embora enfermeiros cuidem integralmente dos pacientes e os médicos estejam à disposição 24 horas, a Secretaria não credencia a UTI e por isso destina menos verbas para a unidade. A alegação da diretoria do Hospital para ainda não terem contratado esse profissional é o alto custo salarial.

Christofoli diz que ?os problemas nós conhecemos, agora como resolve-los é o problema?. Ele credita aos atendimentos pelo SUS o grande problema do Hospital. ?Somente em 15 procedimentos médicos, tivemos um déficit de R$ 4 mi?, lamenta.

 

Contribuições

Embora as dívidas sejam maiores que as colaborações, as contribuições ainda existem. Programas de arrecadação de fundos, criados pela Comissão, como o Mutirão Vamos Salvar o Hospital, arrecadou até agora, por meio de doação de produtos agropecuários, feita por agricultores da região, R$ 15 mil. ?A campanha continua. Os agricultores doam em dinheiro ou em produtos que depositam nas cerealistas. O lucro é do Hospital?, afirma Christofoli. 28 comunidades estão participando do Mutirão.

Outro programa que continua é o de arrecadação por meio de contas de energia elétrica. O convênio com a Celesc continua e qualquer pessoa pode ligar para o Hospital, falar com Christofoli e aderir à campanha. Embora muitos colaborem, a arrecadação por meio das contas de luz é baixa ? ?Arrecadamos cerca de R$ 3,6 mi ao mês por meio das contas da Celesc?, afirma Christofoli. 1.716 pessoas contribuem hoje com a arrecadação por meio das contas de energia elétrica.

Christofoli adianta que nos próximos dias o Hospital pretende realizar junto à população uma campanha de arrecadação de gêneros alimentícios e materiais de limpeza.

Como solução para os problemas financeiros do Santa Cruz, Christofoli acha que somente uma atitude radical poderia mobilizar a população a ajudar efetivamente na administração do Hospital. Essa atitude seria a limitação de pacientes atendidos de acordo com o número de AIHs enviado pelo Governo. ?Isso geraria uma comoção popular que resultaria em alguma alternativa?, espera Christofoli.