80% da população faz uso de chás medicinais: grande parcela desconhece riscos do uso de substâncias à saúde
Gracieli Polak
CANOINHAS -
Um chazinho de camomila para acalmar os nervos. Boldo para aliviar a dor de estômago, sene para a prisão de ventre, erva-doce para aumentar a diurese, até que a lista de ervas tradicionalmente usadas para curar pequenos males se torna extensa e, muitas vezes, perigosa para quem recorre às plantas sem conhecimento sobre seus efeitos. É o que afirma a Organização Mundial da Saúde (OMS), que estima em 80% o percentual da população mundial que utiliza remédios naturais ou faz uso da chamada medicina popular para tratar doenças.
Mais que benefícios para pequenos males, os tradicionais chás podem trazer complicações sérias quando usados de forma exagerada ou sem conhecimento. O assunto, pouco discutido até então, agora é assunto na OMS, que discute os riscos da ingestão excessiva das infusões preparadas com ervas, que podem causar dores corriqueiras até danos em órgãos vitais.
Diante da falta de conhecimento sobre os efeitos adversos do consumo em excesso de plantas medicinais, o Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu preparou uma cartilha para alertar sobre os principais efeitos colaterais das ervas mais consumidas pela população, depois de estudar o comportamento de pessoas em relação aos perigos do uso indiscriminado de ervas para tratar problemas de saúde. A pesquisa revelou que a população, além de não ter consciência dos perigos, não sabe como tirar o melhor proveito dos princípios ativos das plantas e usa de forma equivocada certas ervas, em concentração muito alta.
?As plantas, usadas de maneira equilibrada, fazem muito bem para a saúde e não é preciso parar de tomar chá, mas saber o que faz bem ou não para a pessoa?, afirma o terapeuta naturista Cláudio Henrique Mathias. Ele explica que cada organismo reage de maneira diferente a cada princípio e, por isso, é preciso estudar cada caso para avaliar o impacto que determinado agente terá no organismo.
DOSES HOMEOPÁTICAS
Para não correr o risco de intoxicação, o uso equilibrado das plantas é recomendado aos adeptos de terapias naturais, situação defendida pela homeopatia. A homeopatia é um método que, segundo Mathias, se caracteriza pela dinamização das substâncias. ?Os produtos homeopáticos são naturais e se caracterizam pela dinamização e pela indicação particular de cada caso, com a vantagem de não causar efeitos colaterais, justamente por causa da diluição?, explica.
A eficácia do método homeopático é cientificamente comprovada tanto que, na lista dos remédios fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), figuram, desde 2007, alguns medicamentos que seguem esse princípio. Como os remédios homeopáticos não tratam doenças, e sim doentes, a inclusão é gradativa porque a quantidade de profissionais habilitados a prescrever tratamentos com medicamentos desenvolvidos por meio do método é, ainda, limitada.
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