Rapaz foi buscar os restos mortais do irmão em Itapiranga-SC e morreu no retorno
Edinei Wassoaski
CANOINHAS
Dizer que a família Wille, de Canoinhas, passou por um pesadelo nos últimos meses é não fazer jus a proporção da dor e desespero pelos quais está passando. O martírio começou em 23 de novembro do ano passado. Gustavo Wille, aos 33 anos, estava em viagem a Itapiranga, no Extremo Oeste de Santa Catarina, município que faz divisa com o Rio Grande do Sul e com a Argentina. Ao conhecer o rio Uruguai, que marca a fronteira com o país hermano, Gustavo passou de visitante a herói ao salvar duas meninas que se afogavam. Como pulou na água com tênis e calça jeans, teve dificuldade para voltar para a margem. Acabou sugado pela água e desapareceu. Somente seis meses depois, ao jogar a rede no rio, um pescador argentino da cidade de Posadas, trouxe junto o que parecia ser os restos de um ser humano. De lá para cá foram mais seis meses para constatar que os restos eram de Gustavo. A família iniciou uma verdadeira batalha para atestar documentos – o governo argentino não reconhece atestados de óbito estrangeiros – e liberar os restos do corpo de Gustavo. Foi justamente quem mais lutou neste processo que foi buscar o esquife de Gustavo. Foi em um misto de tristeza e alívio que Jocimar, de 35 anos, irmão mais velho de Gustavo, contratou a Funerária São José para buscar os restos do irmão que, enfim, foram liberados na segunda-feira, 2. Eles embarcaram em uma Santana Quantum, placas de Canoinhas, no mesmo dia. Em Canoinhas, a mãe Maria e o pai Jorge aguardavam pesarosos o retorno do filho com o que restou do irmão.
SEGUNDA TRAGÉDIA
Jocimar conseguiu liberar a urna na terça-feira, 3. Ele e o motorista da São José, Luiz Sérgio Farias de Lima, saíram de Itapiranga no início da noite de terça-feira, 3. A viagem de seis horas deveria ser concluída ainda na madrugada de quarta-feira, 4. Foi interrompida a 30km de casa, nas proximidades da localidade de Rio Pretinho, em Irineópolis. Lima, que se revezava com Jocimar no volante, dirigia enquanto o companheiro descansava. Para melhor se acomodar Jocimar soltou o cinto de segurança. Segundo Lima, ao ver um animal na rodovia, desviou o volante bruscamente e ao retornar para a pista acabou capotando várias vezes. Jocimar foi arremessado para fora do carro e morreu na hora. Lima sofreu vários ferimentos, foi hospitalizado e passa bem.
Em Canoinhas, os pais que esperavam velar o filho morto há um ano, tiveram de velar dois filhos. Os irmãos foram enterrados ontem no Cemitério Municipal.
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