Dois morreram na hora; terceira vítima agonizou três dias

Edinei Wassoaski

CANOINHAS
 
Os gritos de socorro ainda ecoam nos ouvidos de Leomar Munhoz. Na madrugada de domingo, 23, ele viu o irmão e o tio queimarem até a morte em um casebre na área conhecida como Serrajão, entre o bairro Jardim Dona Amélia 2 e a Vila Zugman. Conseguiu salvar o pai, Darci Munhoz, 52 anos, único que saiu de dentro do casebre.
“Pense ouvir teu irmão gritando por socorro e você não poder fazer nada”, lamenta Leomar.
José Eloir Munhoz, 46 anos, morreu em um sofá que ficava em um dos dois cômodos do casebre de 18 m². Gilson Munhoz, 30 anos, e o pai, Darci, dormiam no quarto ao lado. Quando o fogo foi avistado por vizinhos e por Leomar, que dormia na casa da mãe, que fica poucos metros adiante do casebre incendiado, já não havia mais tempo de salvar Eloir e Gilson. Os corpos dos dois se confundiam com o fogo. Darci foi o único que conseguiu sair. “Não esqueço como vi meu pai, um cachorro ainda tentava comer a perna dele”, relata Leomar.
Com o corpo em chamas, Darci correu para fora do casebre e desmaiou no chão. Leomar o salvou retirando suas roupas. Mesmo assim, foi internado em estado grave na Unidade Intermediária do Hospital Santa Cruz e transferido no meio da semana para o Hospital de Lages. Na quarta-feira, 26, não resistiu aos ferimentos e acabou falecendo.
Quando o Corpo de Bombeiros chegou, o fogo já havia destruído tudo. Os dois corpos completamente carbonizados foram retirados pelo Instituto Médico Legal (IML).
 
INVESTIGAÇÃO
A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar as mortes. O casebre não tinha luz elétrica e o fogão à lenha estava sem fogo. A única suspeita é de que alguém tenha fumado e deixado cair a bituca acesa no chão ou que uma vela tenha provocado o incêndio já que, segundo os vizinhos, a maioria dos moradores do local usa velas à noite.
As três vítimas trabalhavam há meses em uma plantação de erva-mate em Três Barras, onde passavam a semana. Eles ficavam somente nos fins de semana no casebre.
Na manhã de segunda-feira, 24, o patrão dos três ficou chocado quando foi buscá-los para o trabalho. “Não fui, não tinha condições ”, conta Leomar, que também trabalha no plantio de erva-mate.
Os corpos de Eloir e Gilson não chegaram a ser velados. Foram sepultados no cemitério do distrito de Felipe Schmidt. O corpo de Darci foi sepultado ontem à tarde.