Acusado por porte ilegal de arma gerou polêmica ao ser citado em denúncia publicada pelo CN
Edinei Wassoaski
CANOINHAS
O juiz criminal Fernando de Castro Faria absolveu ontem Leandro Wozjinhack do processo de porte ilegal de arma. Preso desde 11 de abril deste ano, Wozjinhack foi pivô de uma série de protestos contra a Polícia Militar publicada em reportagem do CN de 17 de abril. Moradores do bairro São Cristóvão, em Três Barras, onde Wozjinhack foi preso reclamaram da brutalidade dos policiais, que teriam invadido casas, assustado moradores e batido em Wozjinhack algemado. Em resposta a reportagem, o comandante tenente coronel Ricardo Assis Alves emitiu uma carta defendendo a ação policial, acusando o repórter que fez a matéria de “perseguição” e relatando a extensa ficha policial de Wozjinhack.
Durante o processo, o juiz ouviu os policiais que participaram da ação, que justificaram a prisão de Wozjinhack afirmando que ele estava portando arma de fogo.
Ao ouvir cinco testemunhas de defesa, o juiz obteve a mesma versão contrária a dos policiais – a de que Wozjinhack não possuía arma de fogo no momento da prisão, tendo sendo preso, inclusive, debaixo da casa de uma vizinha, conforme os próprios policiais confirmaram.
“Uma testemunha que confirma a versão da defesa foi arrolada justamente pela acusação”, frisou Faria. Essa mesma testemunha diz que viu policiais espancarem o acusado mesmo depois de algemado. Wozjinhack ainda levou cinco tiros de bala de borracha nas costas durante a perseguição do bar, onde supostamente estaria armado, até sua casa no São Cristóvão.
O caroneiro da motocicleta de Wozjinhack, detido com ele, Antonio de Jesus Ribeiro, que levou dois tiros de bala de borracha nas costas, também afirmou que o acusado estava desarmado.
Wozjinhack disse ao juiz que fugiu dos policiais porque estava pilotando sem carteira de habilitação.
CONCLUSÕES
O juiz lembrou em sua sentença que o caso começou com a ligação de um policial que estava de folga para o 3.º BPM perguntando se não havia alguma ordem de prisão contra Wozjinhack, já que havia visto o rapaz em um bar no Campo d’Água Verde e sabia de seus inúmeros antecedentes criminais. A resposta do atendente foi de que Wozjinhack “estava limpo”. Mesmo assim, informou que mandaria uma viatura até o local para verificar, já que havia a informação de que o acusado estava bêbado e com uma motocicleta. “Não havia qualquer suspeita de que o acusado estivesse armado”, lembra Faria. O juiz menciona ainda a credibilidade a fala das testemunhas – “São pessoas simples e que se dispuseram, o que não é tão comum, a confrontar a Polícia”.
Ele diz ainda que caso o rapaz estivesse armado, teria tido a oportunidade de revidar os tiros de borracha que levou ou simplesmente ter jogado a arma em algum lugar para se livrar da acusação de porte de arma.
Sobre o argumento de que os vizinhos testemunhariam a favor de Wozjinhack por medo, o juiz afirma – “Certamente também não viriam para beneficiá-lo, pois seria pessoa perigosa e temida, sendo mais interessante vê-lo preso. Mais: Não viriam em juízo falar de supostos excessos cometidos pela Polícia”.
Wozjinhack ganhou liberdade ontem à tarde. Cabe recurso da decisão.
INQUÉRITO
A Polícia Militar abriu, paralela ao processo judicial, uma sindicância interna para apurar a denúncia feita pelo CN. Testemunhas e o jornalista do CN autor da reportagem foram ouvidos em maio, mas até o momento o inquérito não foi concluído.
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