Droga altamente viciante ganhou território de forma surpreendente em Canoinhas e Três Barras; Problema de bairros pobres? Não! Clientes vêm de todas as classes
Edinei Wassoaski
CANOINHAS/TRÊS BARRAS
Dois rapazes andam lado a lado por uma das ruas do bairro São Cristóvão,
Tanto traficante quanto usuário transitam livremente pelo bairro, que junto com o Campo d?Água Verde e o Morro da Fumaça, em Canoinhas, se tornou referência no tráfico de drogas. Foi no São Cristóvão que surgiram, no entanto, as primeiras ocorrências envolvendo uma das drogas mais letais: o crack. Barata, comercializada geralmente entre R$
Foi o que aconteceu com Marcelo*. De família humilde, sem formação profissional, viu as oportunidades se afunilarem à medida que desistiu dos estudos. A fossa social em que entrou o colocou de frente para a maconha. ?Quando experimentava, nos momentos de euforia, nem se lembrava de quem eu era?.
Pro volta de 2004, Marcelo já não era um usuário satisfeito com a maconha. A cocaína era muito cara, mas o mercado das drogas pensou numa alternativa para o perfil de clientes como ele. Foi justamente na transição de século que começaram a aparecer as primeiras pedras de crack na região. Para muitos, a droga é somente uma derivação da cocaína, mas sua letalidade e difusão superaram a mãe nobre. O nome é uma onomatopéia inspirada pelos estalos emitidos na queima das lascas.
Foi pouco depois do advento do crack na região que Marcelo tomou contato com a droga. ?O efeito é tão rápido que você quer logo outra pedra?, conta. Hoje, aos 26 anos, Marcelo é somente um resquício do que foi um dia. Ossos da face salientes, braços e pernas finos, costelas aparentes e cheiro forte, indícios clássicos de usuários de crack. Nas idas e vindas em busca de ajuda, as recaídas foram incontáveis. Em 2005, aconteceu a primeira prisão por furto. Furtou para comprar crack. Depois de um tempo na cadeia, o retorno foi muito mais difícil. O preconceito inerente a ex-presidiários tornou seus dias ainda mais difíceis.
A fissura (vontade de consumir a droga) o levou a furtar da própria família. ?Teve dias em que eu queimei 15,
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