Depois de confessar, canoinhense nega autoria do crime

JOINVILLE/CANOINHAS ? O servente de pedreiro Oscar Gonçalves do Rosário, 22 anos, negou em entrevista ao jornal A Notícia, de sexta-feira, 30, ser o autor da morte da pequena Gabrielli Cristina Eichholz, de um ano e meio, na manhã do dia 3 de março.

Isolado na última sala do corredor da chamada ala do seguro do Presídio Regional de Joinville, Rosário garantiu, não ter violentado, asfixiado e matado a menina. A nova versão surgiu dois dias depois de o Ministério Público oferecer denúncia à Justiça contra Rosário, pedindo um mínimo de 30 anos de condenação para o suspeito.
Gabrielli foi jogada no tanque batismal de um templo da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Joinville, e morreu a caminho do hospital. Preso nove dias depois na casa dos pais, em Canoinhas, Rosário confessou o crime.
Rosário diz que quer fazer exame de DNA para comprovar a inocência. ?Não fui eu. Confessei num momento de fraqueza, para acabar logo com aquilo. Pensei que eles iam ver que eu não tinha feito isso. Eu quero fazer aquele exame (DNA) para provar que não fui eu?, disse a reportagem de A Notícia.
De acordo com o promotor Andrey Cunha Amorim, que denunciou Rosário, não há como fazer exame de DNA, porque nenhuma secreção foi coletada do corpo da menina. ?Não havia material no corpo dela?, explicou. Segundo ele, também não foi feito exame com o primeiro suspeito, um adolescente de 17 anos. ?A polícia pediu o exame, mas os peritos já tinham dito que não dava para fazer?, resumiu.
Na terça-feira, 27, dia em que enviou o inquérito à Justiça, Amorim disse acreditar que detalhes do crime revelados por Rosário dispensam um DNA. Já o suspeito argumenta que, na reconstituição, se baseou no que os policiais contaram no dia em que foi preso.
 Ao contrário do que a Polícia Civil registrou em inquérito, Rosário garante não ter saído na noite anterior ao crime. Segundo informações obtidas pelos policiais, ele passou parte da noite em uma lanchonete, bebendo. ?Eu fiquei em casa com meu tio e saí só no sábado de manhã, para telefonar para minha irmã. Mas eu já queria ter ido embora antes, porque não tinha dinheiro e a casa do meu tio era muito pequena para eu continuar lá?, defendeu-se o suspeito.

VERSÃO FOI CONFIRMADA PELA FAMÍLIA

Em entrevista ao CN, os pais de Rosário confirmaram o telefonema pela manhã, cerca de uma hora antes do crime ter acontecido. ?Ele estava bem calmo, só triste por nós não termos conseguido o dinheiro para a passagem?, afirmou a irmã de Rosário, de 13 anos.

Rosário disse que está com medo de permanecer preso, por causa da reação dos demais detentos, caso haja necessidade de ser transferido para uma cela comum. Por enquanto, a Justiça, o Ministério Público e a direção do presídio garantiram que o suspeito permanecerá isolado.
O detento não reclama da vida que leva no isolamento. ?Aqui eu tenho o que preciso: chuveiro, colchão e cama. Também tem algumas roupas que minha mãe trouxe?, relatou Rosário. Na tarde de quarta-feira, 28, ele recebeu a primeira visita dos pais, Gracilda Tavares e Osmar Gonçalves do Rosário.

Gracilda levou uma Bíblia para o preso, que permanece sem advogado. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Joinville determinou que um defensor fosse nomeado para o suspeito. Depois de três negativas de advogados designados, a advogada Elizangela Asquel Loch se ofereceu à família para defender Rosário. Durante a semana, ela fez duas visitas ao suspeito.