No aniversário de fundação o Sindicato da Indústria do Mate no Estado de Santa Catarina (Sindimate-SC) lança novidades do setor ervateiro

Patrimônio da Cidade de Canoinhas, a erva-mate foi o que impulsionou o crescimento da região com a passagem dos tropeiros, que aqui faziam as invernadas, dormiam e levavam consigo a planta. No entanto, foram os índios Guaranis, que habitavam a região das bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, os primeiros a fazerem uso da erva-mate e que a apresentaram aos colonizadores espanhóis.

Historicamente, da metade do século XVI até 1632 a extração de erva-mate era a atividade econômica mais importante do Paraná. Em 1860, ela era o maior produto de exportação do estado. Nos anos de 1900, um terço da economia do estado de Santa Catarina era movimentada pelo setor ervateiro. Toda a região desde Guarapuava, no Paraná, ao litoral Catarinense, se desenvolveu a partir do comércio da planta.

Ao findar do mês de março de 1936, na cidade de Joinville, foi criado o Syndicato Patronal dos Hervateiros Catharinenses (SPHC), visando o fortalecimento da união dos "exportadores, moageiros e commerciantes, por atacado, de herva mate, decorrentes de sua organização de acordo com as Leis Vigentes..." (SPHC, 1936).

Em 1941, o sindicato passou a ser reconhecido como um órgão representativo da atividade ou categoria econômica representada pelas indústrias do mate. O nome, então, foi alterado para Sindicato da Indústria do Mate do Estado de Santa Catarina (Sindimate). Em julho de 1949 o Sindimate filia-se a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), sendo um dos sócios fundadores no ano de 1950 quando foi oficializada a fundação.

"No começo, a sede do sindicato era na cidade de Joinville. Em 1988 a sede passou ser em Canoinhas, porque aqui nós temos 13 indústrias ervateiras, nós temos o exportador, o pequeno e o grande agricultor, nós temos quem vende no mercado nacional, quem faz só chá torrado, quem faz só tererê", conta a presidente do Sindicato, Juliane Seleme.

Historicamente o sindicato atua nas questões ligadas a cadeia produtiva da erva-mate, que vão desde ações para a inclusão de produtos de erva-mate na cesta básica e na merenda das escolas de SC, assim como na discussão de políticas públicas e legislações pertinentes, colaborando desta forma, para o desenvolvimento do estado e consequentemente na geração de emprego e renda da população.


"A erva mate está para o Planalto Norte, assim como o Planalto Norte está para a erva Mate"

A melhor erva-mate do Brasil é produzida na região do Planalto Norte Catarinense. O clima, altitude e solo conferem um sabor único à erva-mate da região. Cultivada, historicamente, em meio à floresta de araucária, de forma harmônica e sem desmatamento é o que diferencia das demais.

"A erva mate está para o Planalto Norte, assim como o Planalto Norte está para a erva Mate. A produção da nossa erva-mate é nos moldes tradicionais, preservando a natureza e o bioma da região", comenta o engenheiro agrônomo da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Gilberto Neppel.

É o cultivo em meio a Mata Atlântica, na sombra, a época de colheita, de maio a setembro, a umidade e a pouca luminosidade, dos dias nublados de inverno característico do clima temperado úmido, e a geada que são o segredo da qualidade. "Nós precisamos da geada, para a planta entrar em dormência e poder ser podada. Porque se ela é cortada e vem a geada em cima, o gelo mata o broto que está nascendo", explica Juliane Seleme.

Cartão postal de Canoinhas, a erva-mate está em todos os lugares da cidade. Nas calçadas, nas praças, no portal, na festa em comemoração ao aniversário do município. "Onde tem 25% da mata nativa, tem um pé de erva-mate. Mesmo que o proprietário não plante, um passarinho vai lá semear. E cresce, porque ela é nativa dessa região. Nós fomos reconhecidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Santa Catarina, pelo saber-fazer", ressalta a presidente do Sindicato.

Basta chegar na casa de um canoinhense que o chimarrão será servido. O jeito de fazer, cada um tem o seu. A temperatura da água, a bomba, a erva moída fina, média ou grossa, são apenas características que conferem ao gosto. "Não há regras, todo mundo tem um saber-fazer. E cada indústria também tem seus segredinhos de produção".

Com 77 anos de história do Sindicato, a maioria das indústrias ervateiras da região estão na sua terceira ou quarta geração. E mesmo com tantas empresas com a mesma matéria prima, cada uma encontrou no mercado um nicho que pode ser explorado, diferenciando seu produto final dos demais. "Cada uma com seu segredo de produção de família", comenta Neppel.

Na terça-feira, 2, o sindicato, junto com a Epagri e o Associação dos Produtores de Erva Mate (Aspromate) e a Epagri lançaram três livros resultados do projeto Indicação Geográfica IG "Erva Mate do Planalto Norte Catarinense", que visa o reconhecimento do produto com qualidade única na região. Na coletânea de três exemplares, conta-se a história da erva-mate, a formação geológica e o produto em si, com a tradição do saber-fazer.

Para expandir a abrangência da erva-mate, torna-la ainda mais conhecida pelos turistas, e incentivar o consumo pelos munícipes, a Sindimate prevê ações como a inserção de produtos à base da planta em hotéis, como o pão de queijo e o bolo de erva-mate (ver receita na página 22), o suco, o chá mate e os drinks. Além disso, o sindicato pretende retomar os projetos de contação de histórias nas escolas e criar um "cantinho do mate", em uma das praças centrais.

Para que a cultura da erva-mate não se perca e continue viva, até o final de ano haverá uma série de eventos voltados para o ramo ervateiro. Em julho e agosto, o lançamento do livro em todas as cidades produtoras da erva do Planalto Norte. Em setembro, acontece a Festa Nacional da erva-mate (Fesmate), onde terá o museu da erva-mate contando sua história. Em outubro, acontece o Simpósio, com trabalhos científicos, e em novembro, a reunião da Câmara Setorial da erva-mate.