Alunos do Ensino Médio conseguem o primeiro emprego por meio de projeto inovador e que vem fazendo a diferença em Canoinhas
Edinei Wassoaski
CANOINHAS
Olhos nervosos vão de lá pra cá. Mãos se esfregam uma na outra. Andando de um lado para o outro estão 117 jovens. O cenário, em frente a Sociedade Beneficente Operária (SBO), no centro de Canoinhas, prenuncia uma noite de gala com ternos, gravatas e vestidos longos. O motivo para tanto nervosismo e pompa não poderia ser mais especial. Depois de três anos conciliando o Ensino Médio com aulas vocacionais para o mercado de trabalho, chegou a hora da formatura. Estes jovens fizeram parte de uma seleção rigorosa que privilegiou 125 estudantes do Ensino Médio para participar do projeto Adolescente Empreendedor, desenvolvido pela Fundação Dama (vinculada a Escola Técnica Dama) e a prefeitura de Canoinhas. Desses 125, apenas oito desistiram por motivo de mudança ou reprovação na escola. O critério de escolha é baseado na baixa renda e bom desempenho escolar. Em praticamente todos os casos, a partir da inserção no projeto, os boletins escolares melhoram e 75% conseguiram inserção no mercado do trabalho. ?Este é o objetivo do projeto?, explica o diretor da Fundação Dama, Luiz Carlos de Moraes Damasceno.
Por meio de aulas que trabalham a formação do cidadão e a orientação profissional, os estudantes aprenderam no contraturno noções que os direcionaram para o mercado de trabalho.
Sérgio Teixeira da Silva, coordenador do projeto, faz o trabalho de buscar estágios para os estudantes. ?No início as empresas ficavam desconfiadas, mas hoje por causa do programa Jovem Aprendiz, muitas nos procuram?, explica, se referindo ao programa do Governo Federal que incentiva com isenção de impostos empresas que paguem uma remuneração mensal aos estudantes para que eles aprendam o ofício durante 20 horas semanais dentro da empresa. O programa tem promovido ótimos resultados. ?Não só o Jovem Aprendiz, mas dos estudantes que são encaminhados para estágio, boa parte é efetivada?. É o caso de Vanessa Caroline Vieira, 18 anos, radiante por estar trabalhando há um ano no emprego que tanto queria. ?Sempre sonhei em trabalhar com papel, com telefone?. Acabou trabalhando no Escritório de Contabilidade Cide. Mas ela quer mais. ?Sempre agarro as oportunidades que tenho e não vou parar?, afirma garantindo que vai cursar Contabilidade, já que neste um ano de experiência profissional como recepcionista aprendeu bastante a respeito do ofício.
NOTAS TAMBÉM MELHORAM
?Temos casos de estudantes que tinham médias cinco e a partir da entrada no projeto passaram a registrar notas oito e dez no boletim?, conta Teixeira. A melhora significativa na escola é o motor propulsor do projeto. ?Estamos numa das regiões mais carentes do Estado, ver esses jovens se desenvolvendo dessa forma é muito gratificante?, assinala Damasceno.
DE TÍMIDOS A PROFISSIONAIS ELOGIADOS
A timidez de Maria Joceli Prestes e de Marcio Alves Martins, ambos de 18 anos, se converteu em eficiência quando eles receberam a primeira oportunidade de emprego. Os dois são funcionários da Panificadora Arcoíris. Ele trabalha na panificação, ela no atendimento. Ambos foram indicados pela Fundação Dama para estagiarem e acabaram sendo efetivados. ?Valeu a pena confiar, vejo um potencial neles que mostra que vale a pena investir?, afirma Rita de Cássia Conceição, proprietária da Arcoíris.
?Quando eu comecei a participar do projeto não esperava que hoje estaria empregada graças ao projeto?, confessa Joceli. Antes da Panificadora, Joceli estagiou um ano em uma loja de informática, área na qual ela quer se especializar. ?Gosto de informática, quero fazer um curso técnico na área já que a faculdade é mais cara?, conta.
Marcio ressalta que o projeto dá uma oportunidade importantíssima para os jovens. ?É muito difícil conseguir o primeiro emprego, todos pedem experiência, mas como ter experiência sem oportunidade?, ressalta. Ele quer fazer faculdade de Sistemas de Informação. Marcio trabalhou um ano como estagiário e está contratado há seis meses.
Sem apoio, Fundação banca projeto com ajuda de voluntários
Formada a primeira turma do Adolescente Empreendedor, a prefeitura de Canoinhas abandonou o projeto. A turma de 70 novos alunos, que ingressou em 2008 foi bancada pela própria Fundação, que irá bancar outra turma de 70 estudantes este ano. Cada aluno custa
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