Depois de ficar entre a vida e a morte, Orestes Golanovski quer escrever biografia
Edinei Wassoaski
CANOINHAS
Via de regra, toda a pessoa que passa por uma grande cirurgia precisa receber transfusão de sangue. Certo? Nem sempre. O maior doador de sangue do mundo, segundo o Guiness Book, não precisou. E olha que ele passou por uma verdadeira provação. Duas cirurgias delicadas com um pequeno intervalo deixaram Orestes Golanovski entre a vida e a morte. Com fama de guerreiro e extremamente emotivo, Golanovski dá a medida exata de sua garra e emoção ao contar detalhes dos dias em que passou no Hospital Ecoville, em Curitiba-PR. Foi internado para fazer um cateterismo (exame invasivo para detectar problemas coronários), depois de passar uma semana internado na Unidade Intermediária do Hospital Santa Cruz, de Canoinhas. O cateterismo indicou que 25% das artérias estavam funcionando adequadamente, o que levou a uma inevitável cirurgia para aplicação de pontes de safena.
A cirurgia não poderia ter sido mais bem-sucedida. Em dois dias Golanovski se sentia recuperado. Uma dor estranha, no entanto, começou a tomar conta de seu corpo levando-o a pedir que o filho, Silmar, chamasse os enfermeiros porque a dor estava se tornando insuportável. Era uma úlcera de 7,5 centímetros que esmagava seu estômago.
Golanovski se emociona ao contar que os médicos o levaram às pressas para a sala de cirurgia e somente depois pediram que Silmar assinasse a autorização. Não havia alternativa. Sem a cirurgia as chances de Golanovski eram mínimas.
A cirurgia foi tão bem-sucedida quanto a primeira, mas as consequências não foram nada agradáveis. Com um dreno ligado ao estômago, tossir era uma tragédia. O drama de Golanovski só acabou no começo da semana passada, quando depois de quase um mês voltou para casa.
PLANOS
Estar na fronteira entre a vida e a morte trouxe pelo menos duas determinações positivas para Golanovski – parou de fumar e vai, enfim, começar a escrever sua biografia. O livro terá histórias fantásticas como quando trabalhou em circo como equilibrista, quando ajudou dezenas de pessoas na enchente de 1983 e as mais emocionantes histórias envolvendo doações de sangue.
Da provação pela qual passou, Golanovski chora ao lembrar-se da família. “Tem que valorizar a família”. Fica ainda mais emocionado ao lembrar pessoas humildes que costuma ajudar e que vestiram a melhor roupa e tomaram banho para visitá-lo quando voltou para casa. “Faça o bem sempre e você vai ter alguém pensando em você”, aconselha.
Com a certeza de que teve muita sorte, Golanovski quer festejar os 70 anos em 12 de novembro em alto estilo. Vai encerrar com uma grande festa a carreira de 45 anos de papai-noel, doando caixas de bombons para crianças carentes. “Na noite de Natal deste ano quero estar com minha família”, afirma.
Ao se despedir do repórter, Golanovski volta a demonstrar o que sempre foi – “Vamos conseguir a medula para este menino, tenho certeza”, afirma se referindo a Gustavo Gneipel, de 2 anos, para quem a Adosarec, entidade fundada por Golanovski, está fazendo campanha – uma pessoa preocupada muito mais com o próximo do que consigo mesmo.
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