Igreja Matriz ficou lotada na noite de quarta-feira, 24, antes da missa
Edinei Wassoaski
CANOINHAS
Centenas de fiéis lotaram a Igreja Matriz Cristo Rei na noite de quarta-feira, 24, em um dia e horário em que geralmente as missas são frequentadas por poucas pessoas. O motivo foi um protesto coordenado por lideranças da igreja que não concordaram com a exoneração do padre Valmir Pahsa pelo pároco da igreja padre Remígio Sitta.
Emocionados e exaltados, fiéis tomaram conta da celebração. Enquanto o padre Marcos aguardava para iniciar a celebração, em ato de protesto, o próprio padre Valmir iniciou uma oração enquanto fiéis interpelavam o padre Sitta a dar explicações a comunidade sobre sua exoneração. Sitta se recusou a participar, dizendo, segundo as fiéis, “que não havia convidado ninguém”.
O anúncio das fiéis sobre a recusa de Sitta provocou salvas de palmas e gritos de “Fica”. Vários fiéis usaram o púlpito para protestar contra a saída de Valmir. Mais que um protesto pela permanência do padre, o ato se transformou em uma contestação contra a forma como a Igreja Católica vem tratando os fiéis de Canoinhas.
“A igreja é do povo, não podemos bater palmas que o padre não deixa”, disse um dos participantes, que teve a fala seguida de aplausos. Outra fiel disse que durante as missas da renovação carismática, movimento que busca a inserção dos jovens na igreja, Sitta chegou a apagar as luzes para reprimir as reuniões.
Valmir pediu que os fiéis lutem pelo que acreditam e afirmou desconhecer os motivos para sua saída, mas acredita em uma “soma de fatores”. “Ele é contrário ao meu jeito mais dinâmico”, arriscou. Valmir disse que o bispo Dom Luiz Carlos Eccel recomendou que ele dialogasse com Sitta, “mas como posso dialogar se ele (Sitta) simplesmente disse ‘você está fora’?”, questiona.
Ainda em sua fala, Valmir afirmou que foi Sitta quem o incentivou a ser padre. “Agradeço muito a ele”, e alfinetou o padre Marcos, que o substitui. “Espero que o senhor converta-se e abra seu espírito. Ouço que o senhor persegue o movimento carismático, quero ainda ouvir um dia que o senhor se converteu”, assinalou.
Valmir está há um ano e meio na paróquia. Marcos atuou em Canoinhas pouco antes disso.
MANIFESTAÇÕES
As manifestações de protesto contra a situação foram várias. “O padre Sitta está bravo porque ele (Valmir) traz mais gente para a Igreja que ele”, dizia entre lágrimas uma fiel que não se conformava com a despedida do padre. “Queremos uma igreja mais viva e ele nos trouxe isso”, disse outra fiel. “É preciso abrir os olhos, senão corre-se o risco de rezar missas somente para quem está salvo”, alertou Madalena Moreira, coordenadora da Escola Tempo Feliz, onde padre Valmir atuava como professor. Este foi um dos motivos pelo qual Valmir teria sido exonerado. “Fui julgado por causa do meu trabalho civil”, reclamou o padre.
Quando o protesto terminou, mais da metade dos fiéis saiu da igreja e passou a assinar um abaixo-assinado que será enviado ao bispo. Um pequeno grupo foi interpelar o padre Sitta em frente à casa dos padres, anexo a Igreja. Não foram atendidos.
Ontem, tanto Sitta quanto o bispo não foram localizados pela reportagem.
Deixe seu comentário