Assunto polêmico é tema da Campanha da Fraternidade 2008
CANOINHAS - Usando pela terceira vez a defesa da vida como tema, a Igreja Católica lançou oficialmente na Quarta-Feira de Cinzas, a Campanha da Fraternidade 2008, colocando em debate questões como o direito e o dever de profissionais da saúde se oporem ao aborto e a ética em torno do uso de células-tronco embrionárias.
Iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que se repete há 45 anos, a campanha de 2008 tem o lema ?Escolhe, pois, a vida?. Essa será a sétima vez que a palavra vida aparece ao lado de valores como esperança, dignidade, terra, água e combate às drogas. Na mesma linha, a CF-2008 ?expressa a preocupação com a vida humana, ameaçada desde o início por causa do aborto até sua consumação em vista da eutanásia?, afirma o texto-base divulgado pelo episcopado para orientação dos fiéis. ?O objetivo geral é levar a Igreja e a sociedade a defender e a promover a vida humana desde a sua concepção até a morte natural?, acrescenta o padre Remígio Sita, pároco da Paróquia Santa Cruz de Canoinhas.
ASSUNTOS POLÊMICOS
Depois de dois capítulos sobre a cultura da morte, afetividade e sexualidade, nos quais alerta para os desafios das novas tecnologias, denuncia a violência nas prisões e aponta a liberação da atividade sexual como responsável pela aids e pela gravidez indesejada, o texto da CF apresenta a visão da Igreja sobre a vida não-nascida, sofrimento e morte, a ameaça da pobreza e a questão do meio ambiente. Contracepção, aborto, reprodução assistida, eugenia, células-tronco, violência, fome, suicídio e eutanásia são alguns itens analisados nas páginas seguintes, num diagnóstico baseado em princípios da doutrina cristã e ensinamentos dos papas.
Cientistas, médicos e psicólogos também são citados. Ao criticar a liberdade sexual como exigência do mercado ?para aumentar o lucro e expandir o capitalismo?, a CNBB recorre ao estudo da filósofa Marilena Chauí - Repressão sobre o sexo: essa nossa (des)conhecida - para mostrar que ?essas contestações não partem apenas de reacionários defensores de uma sociedade reprimida do passado?. Dados oficiais e reportagens somam-se aos conceitos religiosos. O Documento de Aparecida, aprovado pela 5.ª Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe, é lembrado várias vezes.
Embora o texto não recorra a anátemas para condenar ninguém, mas, ao contrário, mostre compreensão e disposição de acolher quem vai contra a orientação oficial, os temas são tratados de acordo com os princípios da Igreja. Seguindo a metodologia ver, julgar, agir, usada tradicionalmente em reflexões desse tipo, o texto apresenta a realidade de cada questão, lembra a posição da moral católica diante dela e convida os fiéis a defender a vida com discernimento e responsabilidade.
Para a Igreja, a pobreza é uma das grandes ameaças à vida no País. ?A contracepção e o aborto não podem ser considerados soluções para os problemas decorrentes da pobreza?, afirma o texto-base.
ITENS DO DOCUMENTO
Avanços científicos: ?As ciências e as novas tecnologias são instrumentos poderosos tanto de auxílio como de ameaça à vida. Em teoria, o conhecimento de natureza biológica e física não deveria ser influenciado por preconceitos, ideologias e interesses pessoais. Na prática, contudo, o caminho da pesquisa é influenciado por interesses de mercado e políticos?
Aborto: ?Todo aborto provocado nega a uma criança o direito de viver, quando ela ainda não pode se fazer ouvir. (...) Os profissionais da saúde têm o dever de acolher a todos. No entanto, têm também o direito e o dever de se opor ao aborto?
Células-tronco: ?O problema ético que se apresenta está no processo da obtenção?
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