O início do século 20 na região foi marcado pela colonização sírio-libanesa, o que deu, especialmente a Canoinhas, feições de multiplicidade étnica
O processo de imigração libanesa no Brasil perde-se nos tempos. Alguns historiadores colocam como ponto inicial da imigração libanesa uma visita do imperador Dom Pedro 2.º em 1876 a região do Líbano. Os primeiros registros de libaneses no Brasil se deram quatro anos depois. O motivo para a debandada era fugir das precárias condições de vida e da significativa opressão otomana (turcos), exercida no Líbano. Muitos deles traduziam seus nomes para o português, alguns em busca de um melhor relacionamento e outros na ânsia de uma maior integração no meio em que estavam prestes a viver.
Em Santa Catarina, os libaneses começaram a chegar no início do século 20, é quando em Canoinhas se têm os primeiros registros dos Davet, Seleme, El-Kouba e Sakr.
Diferente dos imigrantes europeus, que procuraram no Brasil as terras para cultivo, os libaneses encontraram nas cidades um local para a criação de indústrias e casas de comércio.
Conhecidos como bons comerciantes, os libaneses conseguiram amealhar muitos bens, investindo na industrialização e distribuição de seus produtos. Capitães da indústria e grandes comerciantes tiveram suas fortunas, quase todas, iniciadas na lida da mascateação. O trabalho sacrificante do mascate não tardaria a valorizar-se em razão dos bons serviços prestados à comunidade e à flexibilidade de seu relacionamento comercial. A atitude de correção do imigrante pesou muito na transformação de uma imagem de "turco" ignorante voltado exclusivamente para o lucro para a imagem de libanês trabalhador, inteligente e amigo, procedente de uma terra de cultura milenar.
Os mascates libaneses, ainda que fossem, em sua maioria, de pouca escolaridade, eram depositários de um acervo cultural considerável. Trouxeram consigo a história, a poesia, a religião, a música, o canto, a tapeçaria, a arqueologia, a arte culinária, enfim, a cultura milenar libanesa.
Por que sírio-libaneses?
Para entender o porquê de uma nacionalidade que congrega dois países é necessário fazer uma viagem no tempo. Síria e Líbano fizeram parte do império otomano, que perdurou entre 1516 e 1914. Com a queda do império otomano, que era governador por turcos ? daí a confusão entre turcos e libaneses ?, a Síria foi dividida em duas partes: uma sob mandato francês, que compreendia a Síria e o Líbano atual, e a outra baixo mandato britânico, composta por Palestina, Transjordania (atualmente Israel e Jordânia) e Iraque. Daí a denominação de sírio-libanês para quem nasceu antes de 1943, ano em que o Líbano conquistou a independência da Síria.
Os libaneses no Brasil
O número de libaneses que saíram do Líbano e emigraram para o Brasil é estimado em 7 milhões. A falha documentação, no entanto, dificulta a definição da data de início da entrada destes imigrantes. Segundo Tanus Jorge Bastani, fundador e 1º presidente da União Nacional dos Advogados, entidade precursora da Ordem dos Advogados do Brasil, estudioso da presença libanesa no Brasil, já no início do século 19 os libaneses teriam começado a se integrar à pátria brasileira.
Em seu livro "O Líbano e os libaneses no Brasil", Bastani relata que quando Dom João veio para o Brasil em 1808, não encontrando "solar digno de sua pessoa", passou a residir na quinta de Antun Elias Lubos, libanês que, após sua vinda para o Brasil, adotou o nome de Elias Antônio Lopes. A casa teria então se transformado em definitivo na Casa Imperial Brasileira, hoje Museu Nacional. Este fato é relatado também no livro "Brasil, 500 anos de povoamento", editado pelo IBGE, de autoria de Maria Lúcia Mott.
Você sabia?
> Muitos dos Ferreira, Salles, Souza, Lage, Ananias, Alcântara, Pedreira, Lopes, Teixeira, Araújo, Amado tem sua origem no Líbano.
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