Para alguns, uma bola de fogo. Para outros, cumprimento de profecias. Seja qual for a versão verdadeira, a população está assustada com o fenômeno que marcou a região nessa semana
PORTO UNIÃO - ?Veio uma bola de fogo, foi até um pedaço e sumiu. De repente deu aquele estouro e ficou o rastro da fumaça. Ele foi até um pedaço e sumiu. A bola era meio pequena, mas dava para ver bem?. O depoimento de Dalmere Tonkio, moradora do bairro Jardim Muzzolon, em União da Vitória, é apenas uma das muitas versões que tentam explicar o fenômeno que, literalmente falando, movimentou a região. ?Eu saí pra colocar um negócio no varal e vi essa bola que parece que vinha do sol?, termina Tonkio, ainda assustada com o evento.
Na manhã de terça-feira, 2, perto das 10h30min, Porto União e União da Vitória, curiosas, olhavam para o céu em busca da resposta. Similar a um trovão, o som deixou a comunidade perplexa. Os poucos segundos de duração foram suficientes para deixar a população nervosa.
As versões
?É como se fosse uma bomba estourando. Não vi jato, nem avião, nem nada. Só o barulho. Acho que é Deus que está mostrando alguma coisa pra terminar o mundo. Acho que é um sinal de Deus. Não fiquei assustado. Se nós precisamos temos que receber de mãos abertas?, conta o agricultor Mário Iuskiw que mora na localidade de Rio do Meio, em União da Vitória. ?Eu estava plantando cebola no pátio quando ouvi o barulho?, comenta.
O mesmo evento atormentou além dos moradores de Porto Vitória e União da Vitória, General Carneiro, Bituruna, Paulo Frontin, Irati, Rio Azul, Cruz Machado, Mallet, Irineópolis, Matos Costa, Curitiba, São Bento do Sul e Joinville. Em Paula Freitas, que também presenciou o acontecimento, está uma das principais fontes do caso. ?O barulho foi tão alto que pensamos que um avião tinha batido na antena?, conta José Carlos Mandrik do Campo de Pesquisas Geofísicas do Ministério da Aeronáutica explicando que essa seria a única informação que poderia transmitir a imprensa. O domínio militar do Campo de Pesquisa foi usado como justificativa.
?Einstein já dizia?
A possibilidade de que um avião seria o causador dos estrondos, de breves tremores de terra e até quebra dos vidros das janelas, foi divulgada por alguns. Para outros, inclusive pescadores da região, a queda de peças de uma aeronave explica o evento. Há ainda quem acredite no cumprimento de profecias humanas e bíblicas. Mas, para o professor Raulino Bortolini, formado em geociência, o evento tem duas possibilidades. ?Há muito anos, quando começaram a construção da hidroelétrica no Foz do Areia, os engenheiros diziam que há uma grande lâmina de água, de uns 150 metros. Com isso, há assentamento de camadas de terra. É por isso que acontece rachaduras em casas e trincozinhos?, explica. ?A segunda opção é a presença de um meteorito. A Terra gira e anda no espaço e tem uma força gravitacional muito grande. Quando essa força passa pelo espaço ela atrai pequenos corpos celestes. Dizem os astrônomos que caem na Terra, por dia, 50 mil meteoros. A maioria se queima na atmosfera e não chega até o chão. Mas alguns chegam e vem acompanhado de um grande estrondo. São verdadeiras bolas de fogo?, esclarece. ?É a velha idéia do grande cientista: os corpos maiores atraem corpos menores na razão direta de suas massas sob o inverso do quadrado de suas distâncias?, destaca.
Bortolini não defende o alarde. Como exemplo, ele cita a queda de um meteoro na década de 1960, próximo da cidade de Lages. ?A pedra foi recuperada e ela tem tamanho pouco maior que o punho de uma pessoa. Isso não é coisa de outro mundo. Isso acontece na natureza. É possível que isso tenha acontecido hoje (terça-feira) de manhã aqui?, comenta. O professor afirma que se fosse observado à noite, a bola de fogo seria como ?um super sol?. Caso o meteoro seja encontrado na região, análises de sua constituição podem confirmar sua origem. ?Nos meteoros que caíram na Terra, 94% tinham ferro. As pedras, da Terra, têm no máximo 80% de ferro?, justifica.
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