Vestir-se de noiva ainda é o sonho de muitas mulheres
Vera Kichileski, na tarde gelada de segunda-feira, 16, procurava em uma loja de artigos para noivas, o vestido com o qual se casará em maio ou junho de 2009. Um ano antes do planejado matrimônio, ela já pensa nos detalhes da cerimônia e dos acessórios que comporão a cena do sonho que será realizado. Assim como Vera, muitas mulheres ainda cultivam o sonho do casamento. Mas, diferentemente de grande parte delas, ela começa a se planejar mais de um ano antes da data prevista para a cerimônia, buscando com calma cada um dos elementos que comporão suas bodas.
Nem mesmo a emancipação feminina e o abandono das saias, pelas mulheres que passaram a usar calças como as que os homens usavam, e os reflexos de pós-modernidade do mundo de hoje, colocando em choque as atitudes mais tradicionais, condenaram o casamento ao abandono. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as cerimônias de casamento, que amargavam queda no Brasil desde 1996, em 2006 tomaram fôlego e agora são cada vez mais presentes entre os brasileiros. Ainda hoje, mulheres que vivem com os maridos há anos, procuram realizar os sonhos de se vestir de noiva e casar na igreja, afirma a vendedora de uma das lojas especializadas em trajes de noivas da cidade.
E, tão tradicional quanto era no tempo das avós das noivas de hoje, o vestido ainda é o símbolo mor da cerimônia e, mesmo que se apresente em várias versões, ainda é procurado na versão clássica: longo, feito com vários metros de pano, bordado com pedras ou flores. O objeto desperta tanta atenção das mulheres que Nelson Rodrigues, na década de sessenta, escreveu uma peça de nome Vestido de Noiva, em qual a personagem central divaga sobre o casamento e a libertação ou não das mulheres, tamanha a influência da roupa no subconsciente feminino. Mas, à diferença do que acontece com o vestido, nem todas as tudo resiste ao tempo.
O tradicional chá de panela, no qual as amigas presenteavam a noiva com aqueles utensílios domésticos que não eram presenteados no casamento, agora surge de cara e roupa nova, com o moderno chá de lingerie, que renova o estoque de peças íntimas da noiva, que hoje em dia, não é mais tão passiva quanto às mulheres do passado. Mais um reflexo de que as noivas do século 21 não querem mais só cuidar da casa: querem ser mais que donas de casas e isso inclui independência em outros aspectos, como o profissional e o sexual.
Maio ainda é o mês das noivas, com grande volume de casamentos, mas muita gente se casa em junho, julho ou qualquer um dos outros meses. Em Canoinhas, há cerca de cinco ou seis casamentos por final de semana, independente do mês. No ano de 2006 foram registradas 383 uniões civis no município, enquanto o número de separações e divórcios não ultrapassou 161, menos que a metade do total de casamentos. Vera, que pretende não arriscar, não vai deixar que o noivo a veja com o vestido antes do casamento: ?Para que nada dê errado?, comenta entre risos.
A moça de 26 anos, fala entusiasmada que planeja junto com o futuro esposo todos os detalhes da cerimônia, que terá tudo que ela sempre sonhou: ?Quero poder mostrar para os meus filhos as fotos, poder ter o dia na lembrança, assim como deve ser, do jeito certinho, com vestido brando, grinalda, flores... É um dia especial, tem que estar tudo perfeito?, afirma.
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