Moradores cobram promessas políticas; vereadores garantem apoio

CANOINHAS ? Fátima Aparecida Mattos tem uma rotina preocupante. Ela passa o dia de olho nos filhos, constantemente à mercê das fossas a céu aberto existentes no bairro Preciosíssimo Sangue 2, onde mora. O bairro, assim como toda a cidade de Canoinhas, não possui sequer um metro de rede pública de esgoto. A situação no Sangue 2, no entanto, é agravada pelo fato de que as fossas caseiras são bastante precárias.

Como a maioria dos moradores do bairro é de pessoas de poucos recursos, inviabiliza a compra de uma fossa séptica, por exemplo. Outro agravante é o fato de o Preciosíssimo Sangue 2 ser um bairro bastante plano. Como muitas das fossas caseiras estão abertas ou semi-abertas, com a chuva, elas transbordam, escoando lixo para a rua. A situação é calamitosa. ?Meu filho dorme ao lado da valeta por onde passa o esgoto. Tenho medo de que ele pegue uma doença?, queixa-se Fátima.

Sebastião Camargo, que mora ao lado da casa de Fátima, não se conforma com a situação. ?Na época da eleição os políticos vieram aqui e prometeram resolver a situação, mas até agora nada?, reclama. Ele conta que esta situação se arrasta por mais de 25 anos. Os problemas de bronquite no bairro, conta Camargo, são freqüentes, especialmente entre as crianças. ?Todo mundo solta o esgoto na rua, não dá pra culpar ninguém?, conclui o morador.

 

CÂMARA PROMETE SOLUÇÃO

 

De acordo com o presidente da Câmara dos Vereadores, Tarciso de Lima (PP), a Câmara acertou com o prefeito Leoberto Weinert (PMDB), o repasse de pelo menos R$ 200 mil para a compra de fossas sépticas e a montagem de um escoadouro no bairro.

Este dinheiro que a Câmara repassará a prefeitura é sobra dos recursos que, por lei, a prefeitura é obrigada a repassar para a Câmara mensalmente, o que corresponde a 7% do total do orçamento.

Weinert tem demonstrado preocupação com a situação do bairro. Há um ano ele se reuniu com os moradores e prometeu resolver o problema.

 

PORTA DE SAÍDA DE DOENÇAS

 

De acordo com pesquisa encomendada pelo BNDES, 65% das internações hospitalares de crianças menores de 10 anos estão associadas à falta de saneamento básico; motivo pelo qual, também, mais morrem crianças vítimas de diarréia.

Em 1998, morreram 29 pessoas por dia no Brasil de doenças decorrentes de falta de água encanada, esgoto e coleta de lixo, segundo cálculos da Funasa realizados a pedido do jornal Folha de São Paulo.