Subtenente Rubens Graciliano de Araujo: Uma História de Dedicação, Vitórias e Risos
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Subtenente Rubens Graciliano de Araujo (Fotos: Divulgação)
Reportagem faz parte de uma série de ações que visa resgatar a história e memória do 3º BPM, que comemorou 64 anos no último dia 29
O 3º Batalhão de Polícia Militar (3ºBPM) iniciou uma série de ações que visa resgatar a história e memória do batalhão. Uma das atividades consiste na realização de entrevistas com os veteranos que serviram no quartel, a fim de captar aspectos biográficos e compreender o quotidiano da Corporação ao longo do tempo. O aniversário de 64 (sessenta e quatro) anos da Unidade, ocorrido em 29 de novembro deste ano, foi o ensejo para o início da divulgação desses depoimentos, tornando pública a rica trajetória de nossos policiais militares.
O primeiro dos veteranos entrevistados foi o Subtenente PM Rubens Graciliano de Araújo. O Sub Rubens, como é conhecido, tem uma história pessoal e profissional exemplar, sendo por isso muito estimado no meio militar. Um exemplo da consideração de que é detentor são as frequentes menções ao seu nome por parte dos diversos militares que no 3ºBPM realizaram curso de formação nas décadas de 1960 e 1970, haja vista ter sido o Sub Rubens monitor e instrutor de diversos deles.
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acervo de Rubens Graciliano de Araújo (Fotos: Arquivo)
A sua carreira militar iniciou em 1959, quando ingressou no Exército Brasileiro, servindo ao 5º Batalhão de Engenharia e Combate, no município de Porto União/SC. No Exército, chegou à graduação de cabo e desempenhou variadas funções. Uma delas foi a de auxiliar de sargenteação, setor responsável pela escala de serviço do efetivo. Esse período já o prepararia para as funções que exerceria no futuro, haja vista a necessidade do contato diário com a tropa. Ainda no Exército, trabalhou por aproximadamente 3 (três) anos em Francisco Beltrão/PR, onde a Força Terrestre foi responsável pela construção de um campo de aviação, da qual tomou parte. Permaneceu na instituição até o ano de 1966.
Pouco tempo depois, iniciou sua trajetória na Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC). Lembra, emocionado, da data em que ingressou na PMSC: 11 de março de 1966. O ingresso ocorreu na 5ª Companhia de Polícia Militar Destacada (5ªCPD) de Porto União, a qual estava subordinada ao 3º BPM. O comandante da companhia era o Capitão Dinoh Antônio Corte, que anos mais tarde se tornaria Comandante do Batalhão, e o sargenteante (responsável pela escala) era o Sargento Salatiel. "Iniciei como cabo. Passei por exame intelectual, médico e psicotécnico, e logo fui designado para a missão de comandar o Destacamento de Videira/SC", conta, referindo-se aos primeiros passos de sua carreira.
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acervo de Rubens Graciliano de Araújo (Fotos: Arquivo)
Após quatro meses em Videira, o veterano retornou a Porto União, onde o Comandante da Companhia já era o Capitão Taltíbio Del Valle Y Araújo. Serviu nesse município até o ano de 1969, quando obteve êxito em ingressar no Curso de Formação de Sargentos (CFS), o qual foi realizado na sede do 3ºBPM. Fazia parte de sua turma, dentre outros, o Professor Pedro Penteado do Prado, que poucos anos depois migraria para outras profissões. A partir da conclusão do CFS, o Sub Rubens desenvolveu toda sua carreira na sede do 3º Batalhão.
Relembra que à época existia certo preconceito contra a profissão, principalmente no que se referia aos namoros entre policiais e moças da cidade. "Quem começou a mudar essa visão foi o Sargento Mario Biluk, que casou com a Ana Novack. Nós, da turma de 1969, conseguimos aproximar mais a sociedade. Uma das ações que realizamos foi uma missa no quartel com a participação de alunas do Colégio Sagrado Coração de Jesus. Foi um marco para a nossa convivência", recorda com carinho.
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acervo de Rubens Graciliano de Araújo (Fotos: Arquivo)
Nas mais de duas décadas de serviço ativo, não faltaram histórias engraçadas. Lembra que, certa noite, enquanto exercia a função de sargento adjunto, observava pela, quando viu um soldado se aproximar de um pocinho d'água que existia nas proximidades de onde hoje fica o lago. O soldado, de modo arredio, olhava para os lados como se estivesse a esconder algo, o que despertou a curiosidade do Sub Rubens. “Eu desci bem quietinho e me escondi atrás de um pinheiro, observando o que o soldado fazia. Ele começou a puxar uma cordinha do poço e eu comecei a jogar pedras na água. Cada vez que ele pegava a cordinha, eu jogava uma pedra e ele parava”.
Após algumas tentativas frustradas, o soldado, assustado, abandonou a ação, até mesmo porque eram frequentes “as aparições de visagens” naquela época. Uma verificação posterior permitiu que se desvendasse o mistério: “na ponta da cordinha tinha um litro de pinga amarrado. Eu derramei a pinga e enchi de água. O que houve depois eu não sei”, conta dando risada.
No 3ºBPM, foram diversas as funções que desempenhou: monitor de cursos, redator do boletim interno, encarregado do armazém e do açougue, são alguns exemplos. Lembra de também ter participado de instruções operacionais. Uma delas foi um exercício militar realizado na estrada de ferro, no distrito de Marcílio Dias, do qual possui fotos. Possui fotos também das aulas de defesa pessoal, as quais ocorriam no segundo andar do batalhão.
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acervo de Rubens Graciliano de Araújo (Fotos: Arquivo)
Ao refletir sobre os colegas que marcaram sua trajetória, lembra dos sábios conselhos do 1º Sargento Celso Carlos. São exemplos: “eu não inventei o relógio”, “o relógio que temos que seguir é o do quartel, não o do nosso pulso”, “o quartel não é longe, porque somos nós que temos que morar em suas proximidades”, “o que ocorre no quartel a família não precisa saber”, “quando precisar cochilar, coloque um pé sobre o outro, pois ao dormir, o pé de cima cairá, e você se acordará”. Foram todos conselhos valiosos que o auxiliaram durante a carreira.
Acerca de manifestações de reconhecimento, recorda que, "certa vez, o Coronel Zízimo Moreira, que era Subcomandante-Geral da PMSC, referiu-se a mim, durante um almoço que ocorria no Clube Elite, dizendo: ‘Se todos os sargentos fizessem o que o Sargento Rubens faz, nossa polícia seria outra’. Isso me deixou muito orgulhoso", diz com alegria, lembrando do reconhecimento recebido.
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acervo de Rubens Graciliano de Araújo (Fotos: Arquivo)
Após mais de 20 anos de efetivo serviço policial militar somados aos que dedicou ao Exército Brasileiro, o veterano ingressou na reserva remunerada em julho de 1986. Na ocasião, foi agraciado com o diploma de “Honra ao Mérito” em agradecimento aos bons serviços prestados, assinado pelo Comandante-Geral da Corporação, Coronel Saulo Nunes de Sousa. Após sua trajetória no serviço ativo, ele se orgulha de ter formado uma família que continua a manter laços com a carreira policial militar, pois um de seus filhos é 2º Sargento da mesma Corporação.
A vida de um policial, como a de tantos outros, é repleta de desafios e sacrifícios, mas também de momentos de pura humanidade e risos. O legado desse veterano da Polícia Militar de Santa Catarina é exatamente isso: um exemplo de compromisso com a segurança, com a comunidade e com os valores que tornam a vida mais leve e cheia de significado.
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acervo de Rubens Graciliano de Araújo (Fotos: Arquivo)
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acervo de Rubens Graciliano de Araújo (Arquivo)
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acervo de Rubens Graciliano de Araújo (Arquivo)
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acervo de Rubens Graciliano de Araújo (Arquivo)
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acervo de Rubens Graciliano de Araújo (Arquivo)
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acervo de Rubens Graciliano de Araújo (Arquivo)
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acervo de Rubens Graciliano de Araújo (Arquivo)
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