Segundo a Revista Exame (2019), a agropecuária é, atualmente, a principal atividade econômica de uso da terra em escala global, ocupando cerca de 40% das terras do Planeta. Desse total, aproximadamente 70% são destinados a pastagens, evidenciando a enorme extensão de áreas dedicadas à criação extensiva de animais e à produção agrícola. Esses números mostram a importância da agropecuária, que serve tanto para a alimentação humana quanto para o contexto da economia global. Neste sentido, tornou-se uma atividade econômica concentrada nas mãos de alguns grandes produtores ou firmas, que detêm o controle da produção, dos preços e demais relações de mercado.
Nesta direção, ressalta-se a necessidade da adoção de práticas mais sustentáveis para minimizar os impactos ambientais associados a essa atividade, que não se limita a oferecer a alimentação humana, mas, também, abastece diversos setores, atendendo produtos e serviços de vestuário, habitação, combustíveis e até de medicamentos. Sua importância, no entanto, traz consigo uma responsabilidade inescapável: assegurar que os recursos naturais sejam preservados, para que a própria atividade possa se reproduzir enquanto tal.
Com o avanço das mudanças climáticas que são, inclusive, decorrentes do impacto negativo desta mesma atividade econômica e da pressão por maior produtividade, torna-se imprescindível a necessidade de conciliar o seu desenvolvimento com práticas ambientalmente responsáveis e sustentáveis de fato. Nesse contexto, emergem práticas agropecuárias mais sustentáveis. No Brasil, pesquisas científicas e iniciativas do setor produtivo têm desenvolvido tecnologias e métodos que aliam aumento de produtividade à redução dos impactos ambientais. Entre essas soluções, estão os sistemas integrados de cultivo, a rotação de culturas, o uso eficiente de insumos e a recuperação de áreas degradadas de maneira econômica e sustentável.
A manipulação dos solos, entretanto, avança em ritmo alarmante, ameaçando o meio ambiente, a biodiversidade e o equilíbrio ecológico. Degradação, erosão e compactação são alguns dos problemas enfrentados e, muitas vezes, intensificados pelo manejo inadequado e pela expansão descontrolada das fronteiras agrícolas. Esses impactos refletem diretamente no desenvolvimento socioeconômico regional, especialmente ambiental, sobretudo em áreas de relevo acentuado, onde os desafios ambientais e climáticos são ainda maiores. Nesses locais, a perda de solo fértil compromete tanto a capacidade produtiva quanto a qualidade de vida das comunidades. Diante desse cenário, a Educação Ambiental emerge como uma das ferramentas essenciais para conscientizar os produtores rurais e preparar as comunidades para a adoção de práticas agrícolas e até cotidianas de produção e consumo mais responsáveis e sustentáveis.
Um dos principais desafios da agricultura na atualidade é a manutenção da fertilidade dos solos agricultáveis por meio da reposição de nutrientes. A adubação verde se apresenta como uma alternativa eficiente e sustentável para esse problema, porém, ainda é uma técnica subutilizada por muitos agricultores e produtores rurais. Essa modalidade de produção agrícola, também denominada de “agricultura regenerativa”, consiste no cultivo de vegetações específicas que são incorporadas ao solo, promovendo a reposição natural de matéria orgânica e nutrientes. Além disso, essas plantas ajudam no controle da erosão e na melhoria da estrutura do solo. Muitos agricultores e produtores rurais, contudo, por falta de conhecimentos e até de boa vontade para realizar tais ações, optam por insumos artificiais que, apesar de eficazes a curto prazo, podem comprometer a qualidade do solo e aumentar a dependência de produtos industriais.
Nesta direção, são essenciais políticas públicas e, principalmente, investimentos privados que incentivem o uso de práticas como a adubação verde, aliadas a programas de capacitação, para tornar a sustentabilidade uma realidade acessível a todos.
A adoção de práticas agrícolas sustentáveis como a adubação verde tem sido incentivada por políticas públicas em diversos países. Por exemplo, a União Europeia implementou o "Pacto Ecológico Europeu" (European Green Deal) (União Europeia, 2019), que visa transformar o sistema alimentar europeu, promovendo práticas agrícolas sustentáveis com a redução do uso de pesticidas e fertilizantes químicos. Além disso, o programa "Do Prado ao Prato" (Farm to Fork) (União Europeia, 2020) estabelece metas para aumentar a área de agricultura orgânica e melhorar a sustentabilidade ambiental. Essas iniciativas são complementadas por programas de capacitação e financiamento para agricultores, facilitando a transição para métodos mais ecológicos. No Brasil, o Programa ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) (Brasil, 2023) incentiva práticas como a adubação verde, oferecendo linhas de crédito específicas para tecnologias sustentáveis. Esses exemplos demonstram a importância de políticas públicas integradas que combinam incentivos financeiros, capacitação técnica e cuidados ambientais para promover a sustentabilidade agrícola.
A preservação do solo, aliada a práticas agrícolas conscientes e corretas, é fundamental para tentar alcançar a sustentabilidade ambiental e fortalecer as economias regionais. O solo é uma das bases fundamentais para a produção de alimentos e a manutenção de ecossistemas, sendo, portanto, um patrimônio natural inestimável. Ao disseminar conhecimentos sobre métodos viáveis e ecológicos como a adubação verde, é possível transformar a relação entre o ser humano e o meio ambiente, promovendo não apenas uma agricultura mais eficiente, mas, também, um desenvolvimento socioeconômico e ambiental regional mais sustentável.


BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Plano ABC – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sustentabilidade/plano-abc. Acesso em: 5 dez. 2024.

EXAME. Atividade agrícola utiliza quase 40% das terras do planeta. 2019. Disponível em: https://exame.com/economia/atividade-agricola-utiliza-quase-40-das-terras-do-planeta/?utm_source=chatgpt.com. Acesso em: 5 dez. 2024.

UNIÃO EUROPEIA. European Green Deal: striving to be the first climate-neutral continent. 2019. Disponível em: https://ec.europa.eu/clima/eu-action/european-green-deal_en. Acesso em: 5 dez. 2024.

UNIÃO EUROPEIA. Farm to Fork Strategy: for a fair, healthy and environmentally-friendly food system. 2020. Disponível em: https://ec.europa.eu/food/farm-fork-strategy_en. Acesso em: 5 dez. 2024.

 

Autores:
Teresinha Chiraski linzmeyer. Mestranda em Desenvolvimento Regional do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UNC).
Manuela Pozza Ellwanger. Mestranda em Desenvolvimento Regional do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UNC).
Jairo Marchesan. Professor do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UNC).